Doença de Chagas Congênita: um relato de caso
ANNA CASTIÑEIRAS 1, AMANDA BITTENCOURT1, GABRIELA DINIZ1, MARIA DO SOCORRO CARNEIRO FERRÃO1, ALEXANDRE ELY CAMPEAZ1
1. IIER - Instituto de Infectologia Emilio Ribas
annacastineiras@hotmail.com

A Doença de Chagas (DC), descrita em 1909 por Carlos Chagas, é causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi. Endêmica em 21 países das Américas afeta 6 milhões de pessoas sendo responsável por 14 mil mortes por ano. A medida que controlamos sua transmissão vetorial, o mecanismo de transmissão congênito adquire maior destaque no cenário brasileiro. Considera-se que durante a gestação e parto de uma mulher chagásica não tratada a chance de transmissão da doença congênita é em torno de 2-8%  proporcionalmente à sua parasitemia. Para este relato de caso foi realizado revisão de prontuário do Instituto de Infectologia Emilio Ribas (IIER). S.A.S., feminina, 1 ano e 2 meses, natural  e procedente de São Paulo. Mãe de paciente, natural de Chuquisaca, Bolivia, procedente de São Paulo há 5 anos, foi diagnosticada com Doença de Chagas aos 22 anos nunca tratada identificada após quadro de taquicardia. Acompanhada em Instituto Dante Pazzanese onde relataram patologia  indeterminada. Refere não ter apresentado intercorrências durante gestação ou parto normal e foi orientada a coleta de exames após os seis meses de idade da criança.  Aos 7 meses de idade, lactente mantinha-se assintomática e em consulta ambulatorial em serviço externo foi realizada sorologia com resultado reagente, encaminhado-a para ambulatório de Infectologia Pediátrica no IIER. Confirmado quadro de Doença de Chagas Congênita com 2 amostras de Teste Rápido Molecular (PCR) positivas enviadas para laboratório de IIER e de Instituto Adolfo Lutz. Optado por internação hospitalar para vigilância clínica e laboratorial durante início de  tratamento com Benzonidazol 10mg/kg/dia que manteve-se por 60 dias. Durante o tratamento e posterior acompanhamento ambulatorial em IIER, criança manteve-se clinicamente estável, sem intercorrências, apresentando desenvolvimento neuropsicomotor compatível com idade. A mãe foi também encaminhada para tratamento, inclusive revelando em última consulta ambulatorial estar novamente gestando. Trazemos à discussão, as medidas da Organização Panamericana de Saúde que objetivam eliminar a transmissão de Chagas Congênito até 2020, recomendando testagem universal de gestantes e recém nascidos, tratando positivos e mães em pós parto e realizando pesquisa em outros filhos dessas mães. Cabe a consideração de realizar pesquisa com sorologia e PCR em mulheres de áreas endêmicas em planejamento pré-concepcional e seu posterior tratamento, eliminando totalmente o risco de transmissão.  



Palavras-chaves:  congênita, doença, chagas, Bolivia