LESÃO RENAL AGUDA DIALÍTICA SECUNDÁRIA A LEISHMANIOSE VISCERAL: RELATO DE CASO
PEDRO ALVES DA CRUZ GOUVEIA1, MÁRIO LUCIANO DE MELO SILVA JÚNIOR1, MARIA CAROLINA ROMEIRO FIGUEIRÔA BENÍCIO COÊLHO1, ALINE ALVES LOPES1, ÁLVARO PERAZZO1, NORMA ARTEIRO FILGUEIRA1, DENISE MARIA DO NASCIMENTO COSTA1
1. HC-UFPE - Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco
pedroalves@doctor.com

Introdução: Leishmaniose visceral é uma doença endêmica no Nordeste do Brasil. Lesão renal aguda é um evento incomum no quadro clínico inicial, surgindo mais frequentemente como consequência do tratamento. Relato de caso: Homem, 22 anos, com história de 5 meses de febre, empachamento e perda de 20% do peso, foi admitido com diminuição do débito urinário e piora do estado geral há uma semana. Ao exame físico apresentava taquipneia, hepatoesplenomegalia importante, edema e petéquias em membros inferiores. Exames laboratoriais indicavam pancitopenia (Hb 6,3 g/dl, 400 neutrófilos, 13 mil plaquetas), inversão da relação albumina/globulinas, complemento consumido, HIV negativo, elevação de escórias nitrogenadas (Ur 127 mg/dl e Cr 5,0 mg/dl), sumário de urina com cilindros granulosos e hematúria, além de proteinúria 664 mg/24h. Iniciada antibioticoterapia para neutropenia febril e hemodiálise de urgência por uremia e anúria. Na investigação apresentou rK39
e PCR para leishmaniose positivos e hemoculturas negativas. Iniciada anfotericina B lipossomal, com melhora do estado geral, porém permaneceu  anúrico e plaquetopênico, impedindo a realização de biópsia renal. No D7 de anfotericina, devido a dissociação entre melhora clínica e má evolução renal e hematológica, optado por pulsoterapia com metilprednisolona. No D3 de pulso, o paciente apresentou diurese, saindo de hemodiálise após três semanas. Manteve prednisona por 3 meses e no seguimento de 6 meses apresentava regressão da hepatoesplenomegalia, hematimetria normal e normalização da função renal. Discussão: Acometimento renal na leishmaniose visceral é leve e transitório manifestando-se por proteinúria e hematúria discretas, sendo raros os casos de disfunção renal dialítica. Glomerulonefrite proliferativa e  principalmente nefrite intersticial são os achados mais frequentes. O tratamento desses casos não está uniformizado, mas frente ao consumo de complemento e a não melhora renal com antiparasitário, a possibilidade de componente imunomediado levou a indicação de pulsoterapia. A recuperação completa da função renal após ter havido necessidade de hemodiálise nos faz acreditar quea corticoterapia foi fator decisivo no tratamento. Conclusão: Nos casos de lesão renal aguda dialítica, refratária ao tratamento antiparasitário e com evidências de componente imunomediado, corticoterapia deve ser considerada. 



Palavras-chaves:  Leishmaniose visceral , Lesão renal aguda, Hemodiálise