ÓBITO POR DENGUE COMO EVENTO SENTINELA PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA |
A dengue é um problema de saúde pública no Brasil, com sucessivas epidemias e aumento da dengue grave e óbitos. O óbito por dengue é um evento inesperado e em sua grande maioria evitável, que ocorre por potenciais falhas na assistência ao paciente. As formas graves da doença são precedidas por alguns sintomas clínicos e achados laboratoriais que são classificados como sinais de alarme, sintomas esses que geralmente passam despercebidos ao olhar dos profissionais de saúde. O presente estudo analisou os principais sinais clínicos, achados laboratoriais e de imagem que indicam a gravidade da doença e que estão envolvidos nos óbitos por dengue em um município brasileiro de tríplice fronteira. Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo com abordagem quantitativa, com base em dados secundários do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN). O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (CEP-EERP/USP), sob protocolo CAAE: 68091717.2.0000.5393. Foram analisados 19 óbitos por dengue, ocorridos no município de Foz do Iguaçu no ano de 2016. Em 2016 ocorreram 8673 casos confirmados de dengue e destes, 432 foram hospitalizados e 19 evoluíram para óbito (taxa de letalidade de 4,4% dentre os pacientes hospitalizados). Atingindo 12% de letalidade em pacientes hospitalizados entre 60 e 69 anos de idade. Dentre os sinais de alarme, clínicos e laboratoriais, dos pacientes que foram a óbito destacam-se a hipotensão (79,0% dos casos), hemoconcentração (68,42%), extravasamento plasmático, derrame pleural e ascite (64,46%), plaquetopenia (63,15%), dor abdominal (38,84%) e leucopenia (36,34%). Conclui-se a ocorrência dos óbitos está relacionada ao não reconhecimento ou valorização dos sinais de alarme, procura por mais de um serviço de saúde sem a conduta adequada e volume de hidratação inferior ao recomendado. O estabelecimento de protocolos clínicos associado a sistemas de referência e contra referência, com base na classificação de risco, possibilita a triagem adequada dos doentes de dengue, priorizando os que apresentam quadros mais graves, para que lhes sejam oferecidas intervenções terapêuticas adequadas e oportunas, condição necessária para evitar a ocorrência de óbitos. |