CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE CÉLULAS DO SISTEMA IMUNE ADQUIRIDO NA MALÁRIA CEREBRAL EXPERIMENTAL
LUCAS FREIRE ANTUNES 1, CARINA HEUSNER1, LUCIANA PEREIRA SOUSA1, LEONARDO CARVALHO1, CLÁUDIO TADEU DANIEL RIBEIRO1, FLÁVIA LIMA RIBEIRO GOMES1
1. IOC - Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz)
lucasfreire.antunes@hotmail.com

    A malária cerebral (MC) é responsável por muitos dos óbitos associados à infecção por Plasmodium . Apesar dos mecanismos envolvidos no desenvolvimento de MC não serem totalmente conhecidos, acreditasse que tanto o parasito quanto a resposta imune do hospedeiro estejam envolvidos na evolução da doença. Sendo assim, este estudo tem como objetivo ampliar nossos conhecimentos sobre a resposta imune adquirida envolvida no desenvolvimento ou não de MC. Para isso, camundongos C57BL/6 (suscetíveis) e BALB/c (resistentes) foram infectados com Plasmodium berghei ANKA- GFP ( Pb A-GFP) e avaliados no primeiro, quarto e sexto dia pós-infecção. A sobrevida, parasitemia, temperatura e quebra da barreira hematoencefálica, confirmaram a resistência e suscetibilidade destes animais ao desenvolvimento de MC. Esplenomegalia foi observada em ambos os camundongos ao longo do tempo, contudo, os animais BALB/c apresentaram um aumento mais acentuado no número total de células. Entre as subpopulações analisadas, os linfócitos B (B220 + ) corresponderam a metade do número de esplenócitos no quarto e sexto dia em ambos os grupos infectados. No entanto, o número total destas células foi maior nos BALB/c quando comparado aos animais C57BL/6. Já os linfócitos T, identificados como células CD3 + CD4 + e CD3 + CD8 + , seguiram uma cinética diferente em ambos os grupos de animais infectados. Em camundongos BALB/c, o número total de linfócitos T CD4 + e T CD8 + aumentaram de forma significativa no quarto e sexto dia pós-infecção em relação aos animais controle. Surpreendentemente, em camundongos C57BL/6, o número total de linfócitos T CD4 + e T CD8 + foi menor do que o número encontrado no BALB/c e apresentaram diferenças estatísticas em relação aos seus controles apenas no sexto dia pós-infecção. Em contrapartida, os animais C57BL/6 infectados apresentaram menor número de células T regulatórias (CD4 + Foxp3 + CD25 + ) em relação aos animais BALB/c infectados e, consequentemente, uma maior razão entre os linfócitos T CD8 (as células efetoras associadas ao desenvolvimento da MC) e células T regulatórias. Em resumo, nossos dados sugerem que as células T regulatórias podem reduzir a resposta exacerbada de células T patogênicas e os danos neurológicos nos animais BALB/c (resistentes) e que exista um desequilíbrio entre a resposta efetora e regulatória nos animais C57BL/6 (suscetíveis).

 



Palavras-chaves:  Imunidade Adquirida, Linfócitos, Malária, Malária Cerebral, Treg