CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DE CÉLULAS DO SISTEMA IMUNE ADQUIRIDO NA MALÁRIA CEREBRAL EXPERIMENTAL |
A malária cerebral (MC) é responsável por muitos dos óbitos associados à infecção por Plasmodium . Apesar dos mecanismos envolvidos no desenvolvimento de MC não serem totalmente conhecidos, acreditasse que tanto o parasito quanto a resposta imune do hospedeiro estejam envolvidos na evolução da doença. Sendo assim, este estudo tem como objetivo ampliar nossos conhecimentos sobre a resposta imune adquirida envolvida no desenvolvimento ou não de MC. Para isso, camundongos C57BL/6 (suscetíveis) e BALB/c (resistentes) foram infectados com Plasmodium berghei ANKA- GFP ( Pb A-GFP) e avaliados no primeiro, quarto e sexto dia pós-infecção. A sobrevida, parasitemia, temperatura e quebra da barreira hematoencefálica, confirmaram a resistência e suscetibilidade destes animais ao desenvolvimento de MC. Esplenomegalia foi observada em ambos os camundongos ao longo do tempo, contudo, os animais BALB/c apresentaram um aumento mais acentuado no número total de células. Entre as subpopulações analisadas, os linfócitos B (B220 + ) corresponderam a metade do número de esplenócitos no quarto e sexto dia em ambos os grupos infectados. No entanto, o número total destas células foi maior nos BALB/c quando comparado aos animais C57BL/6. Já os linfócitos T, identificados como células CD3 + CD4 + e CD3 + CD8 + , seguiram uma cinética diferente em ambos os grupos de animais infectados. Em camundongos BALB/c, o número total de linfócitos T CD4 + e T CD8 + aumentaram de forma significativa no quarto e sexto dia pós-infecção em relação aos animais controle. Surpreendentemente, em camundongos C57BL/6, o número total de linfócitos T CD4 + e T CD8 + foi menor do que o número encontrado no BALB/c e apresentaram diferenças estatísticas em relação aos seus controles apenas no sexto dia pós-infecção. Em contrapartida, os animais C57BL/6 infectados apresentaram menor número de células T regulatórias (CD4 + Foxp3 + CD25 + ) em relação aos animais BALB/c infectados e, consequentemente, uma maior razão entre os linfócitos T CD8 (as células efetoras associadas ao desenvolvimento da MC) e células T regulatórias. Em resumo, nossos dados sugerem que as células T regulatórias podem reduzir a resposta exacerbada de células T patogênicas e os danos neurológicos nos animais BALB/c (resistentes) e que exista um desequilíbrio entre a resposta efetora e regulatória nos animais C57BL/6 (suscetíveis). |