INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA INÉDITA DE COCCIDIOIDOMICOSE NO SERTÃO PERNAMBUCANO |
A coccidioidomicose é uma doença causada pelo Coccidioides immitis que acomete, primariamente, o pulmão e é transmitida através da inalação dos esporos do fungo presentes no solo. Sua distribuição é relativamente restrita a áreas de clima árido e semi-árido, com salinidade elevada e baixos índices pluviométricos, condições propícias a sua proliferação. Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de surto ocorrido no município de Serra Talhada em 2017. Foi realizada investigação epidemiológica através da pesquisa em campo e domicilio dos pacientes, pela equipe da XI Regional de Saúde, no período de março a maio de 2017. Foram utilizadas as seguintes variáveis na investigação dos casos: sintomatologia, evolução clínica da doença e resposta terapêutica. Quanto ao diagnóstico, a confirmação foi realizada através de exames sorológicos, de imagem, pesquisa direta de secreção e exames complementares. Três agricultores e moradores do distrito de Tauapiranga, área rural de Serra Talhada- PE, pertencentes do mesmo núcleo familiar, com idades de 33, 40 e 71 anos, deram entrada no Hospital Regional, com hipótese diagnóstica de broncopneumonia, apresentavam sinais clínicos semelhantes e persistentes tais como febre, tosse há cerca de 15 dias e perda de peso. Foi realizada pesquisa de baciloscopia para tuberculose cujo resultado foi negativo na 1ª e 2ª amostras nos três pacientes. O RX evidenciou infiltrado e os pacientes referiram dor torácica com apresentação de roncos e sibilos. Em seguida é levantada a suspeita de Síndrome Respiratória Aguda Grave quando foi instituída a terapêutica preconizada e coleta de amostra de swab nasofaríngeo. Concomitantemente foi levantada a suspeita de mieloidose e coletado amostra sorológica. Sem melhoras do quadro clínico os pacientes foram transferidos ao Hospital na Capital onde foi levantada e confirmada a suspeita através de exame direto escarro induzido que mostrou a presença de esférulas de Coccidioide ssp. . Para elucidação do evento foi importante associar a clínica com achados da investigação epidemiológica de campo, onde foi relatado pelos familiares que os três haviam participado de caça ao tatu (prática comum no local) e após cerca de quadro dias começaram a apresentar os primeiros sintomas. Foram recomendas atividades de promoção à saúde e prevenção da doença, vigilância ativa e passiva focando em populações/áreas específicas e divulgação do relatório final da investigação do surto. |