ANÁLISE PRELIMINAR DA HANSENÍASE NA MACRORREGIÃO DE SAÚDE DO VALE DO SÃO FRANCISCO E ARARIPE, PERNAMBUCO
MONIQUE OLIVEIRA DO NASCIMENTO 1, ALLISSON CARNEIRO PEREIRA1, TACIANA RAISSA SALES DE OLIVEIRA MELO1, CÉSAR AUGUSTO DA SILVA1
1. UPE - Universidade de Pernambuco, 2. UNIVASF - Universidade Federal do Vale do São Francisco
moniquenascimento16@gmail.com

A hanseníase, doença infectocontagiosa de alto poder incapacitante, é causada pelo  Mycobacterium leprae e representa um problema de saúde pública no Brasil, que é considerado o segundo país com maior incidência no mundo. Esse estudo, observacional descritivo, apresenta aspectos epidemiológicos da hanseníase na Macrorregião de Saúde do Vale do São Francisco e Araripe, Pernambuco. Os dados foram obtidos do sistema TABNET/DATASUS, segundo Macrorregião de Saúde de Residência, no período de 2014 a 2016. Os resultados mostraram que Pernambuco apresentou 9357 casos da doença no período estudado, dos quais 20,6% (n=1928) foram diagnosticados na Macrorregião deste estudo, predominantemente por encaminhamento e demanda espontânea (68,93%); as regiões de saúde VII, VIII e IX, componentes dessa Macrorregião, apresentaram taxas de prevalência de 1,19/10 mil habitantes, 6,79/10 mil habitantes e 3,07/10 mil habitantes, respectivamente. As formas clínicas mais prevalentes da doença foram dimorfa (41,34%) e indeterminada (21,94%); e, a população economicamente ativa (20 a 64 anos de idade) foi a mais atingida (72,77%), com proporção equilibrada entre os sexos. Quanto ao tratamento, 64,94% dos pacientes desta Macrorregião fizeram uso da poliquimioterapia (PQT) multibacilar; 24,43% dos casos evoluíram para a cura e 1,24% para o óbito, além disso, de 2015 para 2016 o número de casos aumentou 4,09%. Verificou-se também que 72,56% dos pacientes apresentou grau zero de incapacidade, embora, após a cura, essa informação tenha sido registrada, talvez por falta de acompanhamento ou subnotificação, apenas para 29,15% dos pacientes. Os dados mostram que é preocupante a elevada incidência da hanseníase na Macrorregião. Além disso, o alto percentual de dados ignorados no sistema TABNET/DATASUS prejudica a análise clínica-epidemiológica e de controle da doença. O baixo percentual de incapacidade grau zero após a cura, quando comparado ao seu alto percentual no diagnóstico, pode ainda apontar para subnotificações no sistema ou possíveis abandonos durante o tratamento, bem como para o alto percentual de PQT multibacilar pelo maior tempo de tratamento e probabilidade de descontinuidade. Nesse sentido, é evidente a necessidade de ampliar a discussão sobre a hanseníase no Estado e avaliar estratégias voltadas para o diagnóstico, notificação adequada, controle e prevenção da doença na população.



Palavras-chaves:  Epidemiologia Descritiva, Hanseníase, Mycobacterium Leprae