PARACOCCIDIOIDOMICOSE EM PACIENTES COM INFECÇÃO PELO HIV: ESTUDO DE SÉRIE DE CASOS
JEQUÉLIE CÁSSIA GOMES DUARTE1, AMANDA AZEVEDO BITTENCOURT 1, ANNA CARLA CASTIÑEIRAS1, GABRIELA DINIZ1, JOSÉ ANGELO LAULETTA LINDOSO1, RENATA BUCCHERI1
1. IIER - Instituto de Infectologia Emílio Ribas
am.bitten@gmail.com

A associação paracoccidioidomicose (PCM) e infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) é reportada desde a década de 80. Entretanto é intrigante os poucos casos relatados se comparado a outras micoses. O presente estudo tem como objetivo avaliar as características clínicas, laboratoriais e terapêuticas dos pacientes com PCM/aids. Foi realizado um estudo de série de casos, retrospectivo, através da coleta de dados em prontuários entre 1990-2014 no Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER), São Paulo.  No período, foram atendidos 285 pacientes com PCM no IIER. Destes, 31 apresentavam coinfecção (PCM/aids). Um paciente foi excluído, compondo amostra final de 30 casos. Dos pacientes com PCM, 11% apresentavam HIV/aids. Cinco pacientes estavam em tratamento antirretroviral, sendo que 60% referiam uso irregular. Profilaxia com sulfametoxazol-trimetoprim foi observada em 25% dos casos. A frequência média anual de casos foi de 1 caso/ano. Foi observada razão homem:mulher 9:1, e idade média de 40 anos. Linfonodos e fígado foram os principais órgãos acometidos, em 8 pacientes (44%), seguido de pulmão e pele em 6 (33%). Havia dados quanto à contagem de linfócitos T CD4 em 17 pacientes. Destes, 71% possuíam linfócitos T CD4<200 cel/mm³ (média: 132 cel/mm³). O método histopatológico foi o mais relevante para diagnóstico. Dados sorológicos foram obtidos em 11 casos, sendo 4 resultados não reagentes e 5 casos reagentes. A principal terapia instituída foi anfotericina B deoxicolato, seguida pelo itraconazol e sulfametoxazol-trimetoprim. A maioria dos pacientes usou mais de um antifúngico. Dados do desfecho foram obtidos em 23 casos; destes 68% evoluíram a óbito, 13% apresentaram critérios de cura e 9% evoluíram em melhora. Apesar de relativamente pequeno o número de casos analisados, os resultados sugerem a necessidade de um olhar minucioso para coinfecção PCM/HIV. A maioria dos pacientes apresentou PCM como primeira manifestação da imunossupressão severa, com forma clínica mista corroborando a hipótese de oportunismo do Paracoccidioides spp. Houve alta proporção de pacientes tratados com anfotericina B, além da associação de antifúngicos, devido às manifestações graves da doença. Por fim, a elevada mortalidade, quando comparada a outras séries, sugere que pacientes com HIV/aids estão sob maior risco de evoluir de forma desfavorável, sendo necessário o rápido reconhecimento da PCM nessa população, para que a terapia adequada seja instituída.



Palavras-chaves:  Infecções Oportunistas, Infecções por HIV, Paracoccidioidomicose