SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DE LEISHMANIOSE VISCERAL HUMANA NO ESTADO DO PERNAMBUCO 2007-2017- ANÁLISE DESCRITIVA
CAROLINA ANGÉLICA LIBÓRIO MACHADO 1, FRANCISCO DUARTE FARIAS BEZERRA1, ANAIÁ DA PAIXÃO SEVÁ1, MAURÍCIO CLÁUDIO HORTA1
1. UFRPE - Universidade Federal Rural do Pernambuco, 2. SES-PE - Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, 3. USP - Universidade de São Paulo
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A Leishmaniose Visceral (LV) é uma zoonose considerada uma das seis endemias prioritárias no mundo, devido à alta incidência e letalidade. Segundo a OMS, 96% dos casos da América do Sul estão no Brasil e 68% destes na região Nordeste. Nesse contexto, o estado de Pernambuco é considerado endêmico para LV, sendo notificada em 77% (144/185) dos municípios. O acompanhamento dos casos notificados junto ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) do Ministério da Saúde, permite uma rápida análise do comportamento da dispersão da doença, favorecendo a implantação de medidas de prevenção e controle de forma direcionada. Este estudo objetivou analisar descritivamente os casos de LV em Pernambuco, utilizando os dados do SINAN, no período de 2007 à 2017. Foram notificados 41.237 casos de LV no Brasil, sendo 21.621 (52%) na região Nordeste, com 1.122 (5,1%) casos notificados e 1.179 (5,4%) autóctones em Pernambuco, apresentando uma média de 107 casos por ano durante o período avaliado e uma incidência de 1,17/100 mil habitantes. Destaca-se um pico de casos em 2017, com 178 casos e incidência de 2,02/100 mil habitantes. A macrorregião com maior número de casos notificados é a do São Francisco/Araripe, com 549 casos (48,9%). Com relação ao perfil dos pacientes, dos 1.179 casos notificados, 754 (63,9%) eram do sexo masculino, 319 (27%) tinham entre 1-4 anos de idade, corroborando com o padrão mundial onde homens com menos de 10 anos são mais acometidos. 594 (50,3%) casos são oriundos da zona urbana, 530 (44,9%) da zona rural, 9 (0,7%) periurbana e 46 (3,9%) tem sua origem ignorada. Como critério confirmatório, 857 (72,6%) casos tiveram confirmação laboratorial, porém em 772 (65%) e 693 (58,7%) dos casos não foi realizado teste parasitológico ou sorológico, respectivamente. Dos casos positivos para LV, 69 (5,8%) possuíam co-infecção com HIV. E como desfecho, 860 (72,9%) obtiveram a cura e 95 (8%) evoluíram para óbito. Houve aumento dos casos em Pernambuco, com maior número na zona urbana, seguindo um padrão de maioria dos acometidos do sexo masculino e menos de 10 anos. Porém, é possível observar durante a pesquisa que muitas informações com relação ao perfil do paciente ainda ficam incompletas, gerando dados como “ignorados” que poderiam contribuir para uma melhor analise da dinâmica da doença se fossem preenchidas corretamente. Sendo necessário um melhor preparo e capacitação das equipes de saúde que obtém a informação para que seja adicionada no sistema.



Palavras-chaves:  SINAN, Leishmania, Epidemiologia