PRATICAS SEXUAIS COMO FATOR PARA O AUMENTO DA INCIDÊNCIA DE HEPATITES VIRAIS EM HOMENS QUE FAZEM SEXO COM HOMENS
VINICIUS DA MOTTA DE MELLO 1, FRANCISCO CAMPELLO DO AMARAL MELLO1, PAULO SERGIO FONSECA DE SOUSA1, MOYRA MACHADO PORTILHO1, VANESSA DUARTE DA COSTA1, CLEBER FERREIRA GINUNINO1, CARLOS AUGUSTO DA SILVA FERNANDES1, SHIRLEI FERREIRA DE AGUIAR1, JOSÉ HENRIQUE PILOTTO1, ELISABETH LAMPE1, BARBARA VIEIRA DO LAGO1, LIA LAURA LEWIS-XIMENEZ1
1. IOC/FIOCRUZ - Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, 2. IGM/ FIOCRUZ BAHIA - Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz, Fundação Oswaldo Cruz, 3. LACEN-RJ - Laboratório Central de Saúde Pública Noel Nutels, 5. HGNI - Hospital Geral de Nova Iguaçu, 6. BIO-MANGUINHOS - Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos, Fundação Oswaldo Cruz
vinicmk@hotmail.com

Inúmeros estudos ao longo dos anos têm descrito que homens que fazem sexo com homens (HSH) estão expostos a infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como as hepatites virais. Recentemente, surtos de Hepatite A (HAV) e o aumento da incidencia da infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) entre indivíduos HIV positivos, vêm sendo associados à praticas sexuais como sexo oro-anal e sexo desprotegido. O presente estudo teve como objetivo avaliar dados epidemiológicos, sorológicos e moleculares de dois grupos distintos de pacientes HSH atendidos em um ambulatório de hepatites virais. O primeiro grupo de HSH (HSH1, n=12) foi composto de pacientes com infecção aguda pelo HAV e o segundo (HSH2, n=10) composto de indivíduos com soroconversão prévia para anti-HCV. A detecção de anticorpos anti-HAV e anti-HCV foi realizada por ensaios imunoenzimáticos comerciais. Posteriormente, caracterização molecular através da PCR de transcriptase reversa qualitativa (RT-PCR), sequenciamento nucleotídico e análises filogenéticas. Para detecção qualitativa do RNA, foram analisadas as regiões VP1/2A do HAV (grupo HSH1) e NS5B do HCV (grupo HSH2). Todos do grupo HSH1 foram positivos para anti-HAV IgM entretanto, o HAV RNA foi detectado em oito indivíduos (8/12). De acordo com análises filogenéticas, todas as amostras pertenciam ao genótipo IA, com elevada homologia entre si (>99,9%) e  com cepas identificadas em surtos entre HSH na Europa e Ásia.  Apesar da circulação deste genótipo ser comum no Brasil, nossas sequências apresentaram uma baixa similaridade com cepas brasileiras. Em relação ao grupo HSH2, quatro amostras (4/10) anti-HCV positivas foram amplificadas e sequenciadas. Todas pertenciam ao genótipo 4/subgenótipo 4d que até o momento não havia sido descrita no Brasil e sendo filogeneticamente relacionado (97%) com uma cepa holandesa. Ambos os grupos HSH1 e HSH2 relataram práticas sexuais de risco. No grupo HSH1, seis relataram práticas de sexo oro-anal e/ou sexo desprotegido. No grupo HSH2, todos relataram relações sexuais desprotegidas em festas privadas. Além disso, quatro pacientes do HSH1 foram codiagnosticados com HIV e sífilis durante a infecção pelo HAV e nove do HSH2 eram soropositivos para HIV. A vigilância reforçada das hepatites virais em HSH é importante para investigar a disseminação de genótipos e cepas não comuns no país. Reforçar campanhas de conscientização são necessárias para controlar a disseminação viral por transmissão sexual em grupos mais expostos.



Palavras-chaves:  Hepatite A, Hepatite C, Homens que fazem sexo com Homens