HEPATITE A NO MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE, RS: MUDANÇAS NA INCIDÊNCIA E PERFIL EPIDEMIOLÓGICO
ADRIANA ZANON MOSCHEN 1, ELIANI DE LOURDES MORAIS SOARES1, HELENA DE MEDEIROS TERRA RAMOS1, LETÍCIA VASCONCELLOS TONDING1, JOAQUIM BASSO CARTANA1
1. SES - RS - Secretaria Estadual da Saúde Rio Grande do Sul, 2. CGVS - Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde de Porto Alegre
adriana-moschen@saude.rs.gov.br

INTRODUÇÃO: A Hepatite A é uma doença contagiosa, geralmente assintomática e autolimitada, causada pelo vírus HAV, um patógeno de transmissão fecal-oral. Historicamente relacionada à precariedade de saneamento, sua transmissão clássica através de água e alimentos contaminados. No município de Porto Alegre o coeficiente de incidência tendia à queda a partir de 2013 e a população mais acometida era de crianças e adolescentes. Atualmente verifica-se um novo cenário,representado pelo aumento expressivo do número de casos entre homens jovens e adultos. Este perfil epidemiológico sugere transmissão pessoa-pessoa com componente comportamental. OBJETIVOS: Estudar os casos de Hepatite A notificados no município de Porto Alegre, estabelecendo um paralelo com situações semelhantes onde observa-se mudanças no perfil epidemiológico da população afetada. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo dos casos de Hepatite A detectados em Porto Alegre, sendo avaliado faixa etária, gênero e distrito por residência. Para tanto, serão analisadas as notificações de 2017 e 2018. RESULTADOS: Houve aumento no número de casos (13 casos em 2017 contra 34 casos no primeiro quadrimestre de 2018), predominantemente entre homens (78%), na faixa-etária dos 20 aos 39 anos de idade (68%). Um dos casos resultou em óbito. Estes dados são compatíveis com surtos observados em outros países e no sudeste brasileiro em relação ao sexo e faixa etária. CONCLUSÕES: O perfil epidemiológico da população afetada modificou e se apartou do previsto para uma doença cuja causa é fecal-oral, aumentando a importância do resgate de mecanismo de transmissão e apontando para a necessidade de análise da distribuição dos casos. Os dados obtidos em Porto Alegre contribuem de forma parcial para a elucidação dos mecanismos envolvidos no aumento do número de casos de Hepatite A no município. Estudos mais aprofundados, com informações sobre o processo saúde-doença, que vão além das obtidas através da ficha do SINAN podem auxiliar a elucidar o cenário atual da Hepatite A. Faz-se necessária, também, a revisão, por parte do Ministério da Saúde, das políticas públicas de enfrentamento da doença, por exemplo, o público alvo da vacinação para Hepatite A. Aos serviços de saúde e vigilância municipal cabe estabelecer estratégias para a mitigação desse agravo, como vacinação e ações em saúde voltadas à informação e identificação precoce de casos para evitar o surgimento de surtos.



Palavras-chaves:  Hepatite A, Perfil Epidemiológico, Surto