PERFIL DE SUSCETIBILIDADE AOS FÁRMACOS PARA Mycobacterium abscessus NO ESTADO DE SÃO PAULO, 2008-2017.
CAROLINA SALGADO PEDACE 1, FERNANDA CRISTINA DOS SANTOS SIMEÃO1, NATALIA FERNANDES GARCIA CARVALHO1, ROMILDA APARECIDA LEMES1, ANDREIA RODRIGUES DE SOUZA1, ERICA CHIMARA1
1. IAL - Instituto Adolfo Lutz
carol.pedace@outlook.com

O grupo Mycobacterium abscessus (MAG) está entre as micobactérias de crescimento rápido (MCR) que mais comumente causam doença . As espécies deste grupo são importantes patógenos responsáveis por um amplo espectro de infecções pulmonares, de tecidos moles e infecção disseminada e é considerado o grupo mais resistente aos antibióticos utilizados no tratamento das MCR potencialmente patogênicas. As infecções causadas pelo MAG podem não responder adequadamente ao tratamento por claritromicina, que tem sido historicamente o fármaco mais eficaz contra o grupo. Apesar da resposta clínica aos antimicrobianos não estar sendo muito correlacionada aos testes, a realização do teste de suscetibilidade é importante e necessária para a vigilância dos perfis de resistência das micobactérias. O objetivo do presente estudo foi estabelecer os perfis de suscetibilidade aos principais antimicrobianos utilizados na terapêutica contra o MAG em isolados recebidos no Instituto Adolfo Lutz (IAL), São Paulo, no período de 2008 a 2017, que atenderam aos critérios clínicos ou bacteriológicos de acordo com a Sociedade Torácica Americana (ATS, 2007). No período de dez anos, 57.207 isolados foram identificados no IAL, dos quais 1.061 (1,9%) como pertencentes ao MAG. Foram detectados 172 isolados de MAG que atendiam aos critérios bacteriológicos (ATS), os quais foram submetidos ao teste de suscetibilidade aos antimicrobianos (TSA) claritromicina, amicacina, ciprofloxaxina, doxiciclina e cefoxitina. A doença pulmonar estava presente em 112 (65,1%) isolados. O perfil geral de resistência para claritromicina, amicacina, ciprofloxacina, doxiciclina e cefoxitina foi de 48,3%, 6,4%, 60,5%, 87,7% e 21,3%, respectivamente. O fármaco cefoxitina apresentou um aumento de 4,7% para valores intermediários de 2014 a 2016, porém revelou aumento de resistência em 2017, mostrando a importância de se observar o alerta dado por valores intermediários . No ano de 2017, a taxa de resistência aumentou para quase todos os fármacos testados. Claritromicina, ciprofloxacina, doxiciclina e cefoxitina apresentaram aumento de 22,7%, 4,6%, 7,9% e 21,7% nas taxas de resistência, respectivamente, diferentemente dos perfis encontrados para amicacina, com queda de 6% no último ano. O presente estudo mostrou um aumento da resistência aos fármacos utilizados no tratamento de MAG, exceto para amicacina, sugerindo que este possa ser um dos fármacos de escolha no tratamento destas infecções.



Palavras-chaves:  micobactéria não tuberculosa, resistência, concentração inibitória mínima