RELATO DO SURTO DE FEBRE AMARELA SILVESTRE NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO NOS ANOS DE 2017 E 2018 |
INTRODUÇÃO: A Febre Amarela (FA) é uma doença endêmica e enzoótica em regiões tropicais de países da África, da América do Sul e América Central. Seu agente etiológico é um arbovírus pertencente ao gênero Flavivirus , família Flaviviridae . São conhecidos dois ciclos de transmissão do vírus da febre amarela: um urbano, no qual o Aedes aegypti é o principal vetor com transmissão tipo homem-mosquito-homem e um ciclo silvestre onde diversas espécies de mosquitos atuam como vetores, principalmente Haemagogus spp. e Sabethes spp. No Estado do Rio de Janeiro (ERJ) o 1º caso humano de FA Silvestre foi registrado em março de 2017, a partir deste caso a transmissão tem se mantido. OBJETIVO: Descrever os casos humanos confirmados de FA Silvestre no ERJ, no período de 2017 a 2018. METODOLOGIA: Estudo descritivo de caráter exploratório descrevendo o perfil dos casos confirmados de FA Silvestre no ERJ nos anos de 2017 e 2018. Os dados foram extraídos da planilha de monitoramento utilizada durante o período de sazonalidade. DISCUSSÃO: Em 2017 foram confirmados 28 casos sendo 10 municípios como locais prováveis de infecção (LPI), abrangendo 5 das 9 regiões do ERJ. Do total de casos confirmados 15% (n=4) dos casos foram do sexo feminino e 85% (n=24) do sexo masculino, a mediana da idade foi de 43 anos. Do total de casos 9 evoluíram para óbito (Tx Letalidade 33 %), sendo todos do sexo masculino com predomínio na faixa etária adulta - 20 a 59 anos (67%). Em 2018 foram confirmados 277 casos com LPI em 33 municípios, abrangendo 6 do ERJ. Dos casos confirmados 21,5% do sexo feminino (n=59) e 78,5 % do sexo masculino (n=216), com mediana de idade de 48 anos. Do total dos casos deste ano 87 evoluíram para óbito (Tx Letalidade 31%), sendo 20% do sexo feminino (n=17) e 80% do sexo masculino (n=70). Ao observamos a Tx de Letalidade proporcional por faixa etária identificamos que no ano de 2017 a faixa mais acometida foi de 40 a 59 anos (43%), e em 2018 foi de maiores de 60 anos (48%). Os indivíduos que evoluíram para óbitos no ERJ, nos dois anos avaliados, não eram vacinados. CONCLUSÃO: Observamos que a predominância dos casos ocorreu em homens adultos e que faixa etária acima de 60 anos apresentou maior letalidade no ano de 2018, quando em comparação com a faixa entre 40 a 59 anos de maior letalidade no ano de 2017. Este fato sugere que os indivíduos acima de 60 anos tiveram maior exposição ao vírus uma vez que a estratégia de imunização não contemplava esta faixa etária. |