FATORES DE RISCO ASSOCIADOS AO ÓBITO POR LEISHMANIOSE VISCERAL NO ESTADO DO MARANHÃO
MONIQUE PINHEIRO MAIA SILVA1, EUDES ALVES SIMÕES NETO 1, ANA CRISTINA RODRIGUES SALDANHA1, WELLINGTON OLIVEIRA BARRETO1, SHEILA DE JESUS PEREIRA NASCIMENTO1, JORGE LUIS PINTO MORAES1, MARIA DAS GRACAS LIRIO LEITE1, JACKSON MAURICIO LOPES COSTA1
1. SES/MA - Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão, 2. IPGM/FIOCRUZ - Instuto de Pesquisa Gonçalo Moniz - FIOCRUZ, 3. UFMA - Universidade Federal do Maranhao, 4. SEMUS/SÃO LUIS/MA - Secretaria Municipal de Saúde - SEMUS-São Luis
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A Leishmaniose Visceral (LV) constitui num grave problema de saúde pública no Brasil, especialmente na região Nordeste onde concentra o maior percentual de casos. O Maranhão caracteriza-se como um estado endêmico e desde o ano de 2013 ocupa o primeiro lugar em número de notificações para o agravo. Objetivou-se com este estudo identificar o perfil clínico e epidemiológico dos óbitos por LV no Estado do Maranhão no período de 2007 a 2016. O estudo de coorte incluiu casos novos confirmados de LV, que evoluíram para o óbito, registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN-NET), retirando-se deste banco de dados inconsistências e duplicidades. As variáveis analisadas foram: data de notificação, sexo, idade, coinfecção LV/HIV, manifestações clínicas, diagnóstico e medicamento. Foram registrados 244 óbitos por LV nos dez anos analisados. As faixas etárias com maior percentual de óbito foram menor de 1 ano (25,4%), 1 a 5 anos (20,5%) e igual ou maior que 50 anos (23%). O gênero masculino representou 62,3% dos óbitos. Apenas 39,3% tiveram diagnóstico parasitológico, enquanto que 33,2% realizaram exame imunológico e 25% outro tipo de diagnóstico. A coinfecção LV/HIV esteve presente 7% dos óbitos. As manifestações clínicas encontradas foram febre (94,7%), fraqueza (90,2%), edema (60,7%), emagrecimento (80,7%), tosse/diarreia (53,7%), palidez (88,9%), aumento do baço (86,9%), quadro infeccioso (43,9%), fenômenos hemorrágicos (30,7%), aumento do fígado (76,2%) e icterícia (49,2%). 57,4% dos pacientes utilizaram antimoniato-N-metil-glucamina (glucantime ® ). Ressalta-se que desde 2014 o Ministério da Saúde ampliou a recomendação de utilização de Anfotericina B Lipossomal como medicamento de primeira escolha para tratamento de grupos prioritários, dentre eles pacientes com idade menor de 1 ano e igual ou maior de 50 anos. Os antimoniais pentavalentes são fármacos comprovadamente cardiotóxicos, hepatotóxicos e nefrotóxicos. Conclui-se que a mortalidade por LV é mais significativa em extremos de vida e em pacientes que utilizaram o glucantime ® como medicamento de primeira escolha. O conhecimento do perfil clínico e epidemiológico dos óbitos por LV pode orientar as estratégias de vigilância para o diagnóstico precoce da doença, melhorar manejo clínico de casos e contribuir para redução da taxa de letalidade no Estado.



Palavras-chaves:  Doenças negligenciadas, Calazar, Leishmania infantum chagasi