AVALIAÇÃO FARMACOLÓGICA ANTIPARASITÁRIA IN VITRO E ESTUDOS DO MECANISMO DE AÇÃO DE COMPLEXOS METÁLICOS DE ANTIMÔNIO E BISMUTO FRENTE AO Trypanosoma cruzi.
KAROLINE ALMEIDA FELIX DE SOUSA 1,3,4, TANIRA MATUTINO BASTOS1,3,4, BRUNO DIAZ PAREDES1,3,4, DIOGO RODRIGO DE MAGALHAES MOREIRA1,3,4, HELOISA BERALDO1,3,4, ANA PAULA ARAÚJO OLIVEIRA1,3,4, LUCIANA BATISTA DE PAULO SÂMIA1,3,4, MILENA BOTELHO PEREIRA SOARES1,3,4
1. EBMSP - Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, 3. FIOCRUZ BAHIA - Instituto Gonçalo Moniz , 4. HSR - Hospital São Rafael, 5. UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais
karolinesousa15.2@bahiana.edu.br

A doença de Chagas é uma doença tropical negligenciada causada pelo Trypanosoma cruzi . Os atuais medicamentos utilizados no tratamento da doença de Chagas apresentam eficácia limitada e estão associados com a presença de efeitos colaterais graves. Portanto, torna-se necessária a identificação de novas moléculas com boa eficácia contra o parasito e baixa toxicidade para serem utilizadas no tratamento da doença de Chagas. Após algumas modificações moleculares foram identificados dois compostos inorgânicos sintético­­­s, denominados complexos metálicos de antimônio e bismuto. As quinolonas são conhecidos agentes antimicrobianos, e já é descrito na literatura a propriedade anti -T. cruzi dessa classe farmacológica. A obtenção de complexos metálicos associados às quinolinas pode ser uma alternativa na identificação de compostos mais potentes e menos tóxicos para as células hospedeiras. O presente estudo teve como objetivo avaliar a atividade anti- T. cruzi de complexos metálicos inéditos de antimônio e bismuto complexados a diferentes ligantes quinolínicos. Uma série de seis compostos ( 1 - 6 ) foram testados para a avaliação tripanocida (cepa Y) frente as formas evolutivas tripomastigota e amastigota. Foi avaliado também o mecanismo de ação do composto mais ativo a partir de análises por microscopia eletrônica e com o uso de marcadores de morte celular. O efeito citotóxico destes compostos foi avaliado em culturas de fibroblastos humano (hFIB) e macrófagos peritoneais ativados isolados de camundongos Balb/c. A quinolina 3 e os compostos formados a partir da sua associação aos complexos de antimônio e bismuto ( 1 e 2 ) não apresentaram atividade citotóxica, assim como a quinolina 6 . Porém, a associação da quinolina 6 aos metais antimônio e bismuto ( 4 e 5 ) levou a toxicidade celular. Os compostos 4 e 5 , os mais potentes, apresentaram valores de EC 50 de 0,33 µM e 0,06 µM, respectivamente. Em relação aos ensaios de infecção in vitro , os compostos se mostraram tóxicos em hFIB infectados e não apresentaram atividade antiparasitária. No entanto, os compostos apresentaram atividade anti- T. cruzi em macrófagos peritoneais ativados. Tripomastigotas tratadas com o composto 5 apresentaram alterações ultraestruturais e marcação positiva para iodeto de propídeo, indicativo de necrose. Sendo assim, complexos metálicos de antimônio e bismuto complexados às quinolinas representam uma classe de fármacos em potencial para o tratamento da doença de Chagas.



Palavras-chaves:  Antimônio, Bismuto, Doença de Chagas, Fármacos, Trypanosoma cruzi