Prevalência da duração do aleitamento materno exclusivo em crianças expostas ao vírus Zika durante a gestação em Manaus/AM |
A ocorrência de surto por vírus Zika (ZIKAV) foi reportada no Brasil em 2015. Em Manaus, até o final de 2016, 506 casos de infecção por ZIKAV na gestação foram confirmados, sendo que 65,2% (330/506) foram notificados na Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD). Em meio ao surto por ZIKAV, a ONU e a OMS mantêm a recomendação que os bebês comecem a ser amamentados na primeira hora de vida e sejam amamentados exclusivamente durante seis meses mesmo com mães com infecção suspeita, provável ou confirmada. O estudo teve como objetivo verificar a prevalência da duração do aleitamento materno exclusivo (AME) nestas crianças expostas intraútero ao ZIKAV que estão sendo acompanhadas em um estudo de coorte realizado na FMT-HVD. O presente estudo é do tipo descritivo observacional. A exposição materna ao ZIKAV foi verificada por meio de PCR em tempo real em amostra de sangue ou urina. A microcefalia foi considerada de acordo com OMS (perímetro cefálico menor que dois desvios padrão para idade gestacional ao nascer e sexo). E AME foi definido de acordo com a OMS como a criança que recebe leite materno diretamente do seio ou ordenhado. Desde março de 2017, as crianças estão sendo atendidas por equipe multiprofissional na FMT-HVD. Até maio de 2018, 51 crianças foram avaliadas. Cinquenta e um por cento são do gênero feminino e 49% do gênero masculino. Em relação ao perímetro cefálico (PC), 66,6% da população apresentou PC > 33 cm, 29,4% PC 30-33cm, e 3,9% (2/51) PC < 30 cm. Foi observada que 49% (25/51) receberam AME até 6 meses, 31,3% receberam AME de 2 a 4 meses, e 19,5% receberam AME até 2 meses. Observou-se que das duas crianças microcefálicas (PC < 30 cm), uma não recebeu AME em nenhum momento, e a outra recebeu AME somente por 2 meses. Nas crianças microcefálicas, o aleitamento materno exclusivo foi mantido por no máximo dois meses, logo, essas nutrizes necessitam de suporte e apoio à amamentação. E faz-se necessário maiores estudos para entender o não sucesso do aleitamento materno exclusivo em crianças microcefálicas. |