DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA LEISHMANIOSE VISCERAL E AVALIAÇÃO DA VULNERABILIDADE MUNICIPAL COMO FERRAMENTA DA VIGILÂNCIA ENTOMOLÓGICA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL
MARGARETE MARTINS DOS SANTOS AFONSO 1, BRUNO MOREIRA DE CARVALHO1, CRISTINA MARIA GIORDANO DIAS1, ELIZABETH FERREIRA RANGEL1
1. FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz, 2. SES/RJ - Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, Brasil
AFONSO.MARGARETE@GMAIL.COM

O Programa Nacional de Controle da Leishmaniose Visceral (LV) classifica os municípios, em função do registro do número de casos humanos nos últimos três anos, para que sejam priorizados nas ações de controle. Embora o Estado do Rio de Janeiro (RJ) possua número reduzido de casos humanos de LV, este cenário não deve ser negligenciado devido ao elevado número de cães infectados por Leishmania (L.) infantum chagasi , aos óbitos e a urbanização do agravo. O conhecimento da distribuição espacial do principal vetor da LV, Lutzomyia longipalpis é escasso, ainda que seja de suma importância no planejamento de atividades de vigilância e controle. Este estudo teve como objetivo mapear a distribuição espacial da doença (humana e canina) e do seu vetor L. longipalpis , identificando municípios vulneráveis, e gerar um modelo de distribuição potencial para o vetor, a fim de orientar pesquisas entomológicas futuras. Dados da ocorrência de L. longipalpis , casos humanos e caninos de LV foram obtidos do Sistema Nacional de Informação de Agravos de Notificação, da Secretaria de Saúde do Estado do RJ e da literatura (2001-2016). Os dados foram integrados a um Sistema de Informações Geográficas e analisados para mapear a distribuição da LV e identificar municípios vulneráveis. Os municípios vulneráveis foram classificados como receptivos ou não receptivos (com e sem registro de L. longipalpis ), ou pendentes de investigação entomológica. Modelos de nicho ecológico foram gerados no software R (dismo), baseados em cinco algoritmos e 10 variáveis ambientais representando clima, vegetação e relevo. Os mapas finais foram produzidos no software QGIS. A LV humana foi registrada em 23 dos 92 municípios do RJ, tendo 2 municípios com registros de LV canina desde 2007, mas sem casos humanos (Mangaratiba e Maricá). Foram identificados 21 municípios vulneráveis, sendo 4 receptivos, 3 não receptivos e 14 com investigação entomológica pendente. Aproximadamente 60% dos municípios não possuem informações sobre a fauna flebotomínica, o que demonstra a clara necessidade de estudos de campo. A modelo de nicho ecológico demonstrou potencial distribuição de L. longipalpis , em 51 municípios. Nas próximas etapas do estudo será realizada atualização do banco de dados, bem como o refinamento das informações a nível de localidade de capturas do vetor, presença de casos caninos e humanos, buscando assim a produção de modelos de nicho ecológico em escalas espaciais mais finas.



Palavras-chaves:  : Leishmaniose Visceral Americana, Lutzomyia (L.) longipalpis, Modelagem de Nicho Ecológico, Vulnerabilidade, Rio de Janeiro