PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE HANTAVIROSE DO PARANÁ, 1992 A 2016
DANIELE AKEMI ARITA 1, SILVIA EMIKO SHIMAKURA1
1. SESA-PR - Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, 2. UFPR - Universidade Federal do Paraná
danielearita2002@yahoo.com.br

Introdução: A hantavirose é um problema de saúde pública emergente que desafia as autoridades a ampliarem os cuidados para a vigilância epidemiológica da doença. Apresenta taxa de letalidade de 46,5% e maioria dos pacientes necessitando de internamento. Objetivo: descrever os casos confirmados de hantavirose no Estado do Paraná em pessoa, tempo e lugar, no período de 1992 a 2016. Métodos: Estudo descritivo com casos confirmados de hantavirose do Paraná, de janeiro de 1992 a junho de 2016. A fonte de dados foi o banco de dados da área técnica da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná. Resultados: Foram confirmados 280 casos, sendo 94,3% (264/280) laboratorialmente. A mediana de idade foi de 33 anos, com intervalo interquartil de 23,5 e 41,0 anos, sendo 85,0% (238/280) do sexo masculino. Agricultores e cortadores de pinus foram as ocupações mais prevalentes, com 29,3% (82/280) e 15,4% (43/280), respectivamente. Predominância de febre (93,6%/262), cefaleia (86,4%/242), hipotensão (82,9%/232), dor abdome-toraco-lombar (81,8%/229), mialgia (81,8%/229) e náuseas/vômitos (73,6%/206). Concentração de casos em outubro e novembro. Os municípios com maior prevalência foram os da região sul do Estado, provenientes da zona rural com 96,1% (268/279). Quanto aos exames complementares, 24,7% (58/235) apresentaram hematócrito entre 51-55% e 23,4% (55/235) apresentaram hematócrito>56%; 40,4% (90/223) apresentaram 51.000-100.000 plaquetas e 27,4% (61/223) apresentou menos que 50.000 plaquetas; 42,8% (74/173) apresentaram leucócitos aumentados com desvio à esquerda e 53,2% (91/171) de ureia e creatinina aumentados. O achado radiológico mais prevalente foi: 84,2% (192/228) infiltrado pulmonar. Do total de casos, 93,9% (263/280) foram hospitalizados e 38,2% (107) evoluíram ao óbito. Discussão e conclusão: Homens na faixa etária ativa e com atividades relacionadas ao meio rural foi encontrado em estudo realizado no Brasil, São Paulo, Argentina e Chile. A elevada prevalência de casos em outubro e novembro provavelmente pela biologia das espécies de roedores e a estação da primavera com aumento da oferta de alimentos. A concentração de casos na região centro-sul provavelmente é explicada pela presença de mata nativa, com maior oferta de alimento e maior incidência e reprodução dos roedores. Há a necessidade da sensibilização dos profissionais além do monitoramento dos dados epidemiológicos para favorecer a resposta dos serviços e reduzir a ocorrência de novos casos.



Palavras-chaves:  Hantavírus, Infecções por Hantavírus, Epidemiologia