VÍRUS ZIKA: ANÁLISE ESPACIAL NO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO
APARECIDO BATISTA DE ALMEIDA 1,2, SANDRA DE BRITO CUNHA1,2
1. FSP - Faculdade de Saúde Pública da USP, 2. CVE - Centro de Vigilãncia Epidemiológica - CVE Prof.Alexandr Vranjac, 3. FCMSCSP - Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
aalmeida@usp.br

INTRODUÇÃO: A epidemia de Zika é um problema de saúde públi­ca global. O vírus zika (ZIKV) foi inicialmente isolado em macacos Rhesus na África, em Uganda, no ano de 1947, responsável por uma arbovirose emergente no mundo. O ZIKV é transmitido principalmente pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus . O vírus da família Flaviviridae, gênero Flavivirus, circula na Ásia, África, Américas e mais recentemente na Europa. Em fevereiro de 2014, o vírus foi registrado pela primeira vez nas Américas. No Brasil, o Aedes aegypti é o vetor mais importante da dengue, da zika e da chikungunya. Em 2015, foi confirmada a circulação do vírus no Nordeste do Brasil e dispersou-se por todo o país desde o início do ano de 2016. No estado de São Paulo foram confirmados 3.857 (39,2%) casos da Doença Aguda do Zika Vírus (DAVZ) e no Município de Ribeirão Preto em torno de 1.480 (65,0%) no ano de 2016. A distribuição espacial dos vetores afeta fortemente a epidemiologia da doença. Além disso, o ciclo de vida do mosquito está relacionado ao ambiente urbano e fatores climáticos. O vetor tem um poder de multiplicação em detrimento dessas condições favorecendo a infestação no território. OBJETIVO: Descrever e analisar espacialmente os casos confirmados de DAVZ ocorridos no município de Ribeirão Preto no ano de 2016. MÉTODOS: O estudo ecológico utilizou os casos confirmados de DAVZ em Ribeirão Preto, SP, em 2016. Os endereços da residência dos casos foram georreferenciados. Para mostrar a densidade dos casos entre os setores e os bairros foi realizada análise de kernel e para mostrar o risco relativo na população foi utilizado o SatsCan. RESULTADOS: Foram encontrados 945 endereços subdivididos entre os 5 setores e 59 bairros. A análise de Kernel mostrou uma particularidade quando interpolado os endereços com a hidrografia da região. A análise de varredura mostrou aglomerados espaciais de 5 e 50 (%) da população com risco relativo, estatisticamente significativos nos intervalos entre  ≥1,7 até  ≤ 2,2 e de  ≥1,39 até ≤ 2,81 respectivamente. CONCLUSÕES: Com as chuvas os níveis de infestação do vetor e aumentam, consequentemente, se elevam as taxas de incidência da doença. A hidrografia da região aponta forte influencia no aumento das doenças transmitidas pelo mesmo vetor. A vigilância epidemiológica tem como papel a promoção de campanhas de combate ao vetor junto à população e o fortalecimento de parcerias que favoreçam na limpeza ambiental dos corpos hidrográficos.



Palavras-chaves:  Doença Aguda pelo Vírus Zika, Zika Vírus, Análise Espacial, Arbovirose, Epidemiologia Espacial