SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DO COMPÓSITO À BASE DE GESSO E ESTERCO CAPRINO PARA O REVESTIMENTO DE ALVENARIAS EM ÁREAS ENDÊMICAS PARA DOENÇA DE CHAGAS NO NORDESTE DO BRASIL
KARINA MONTEIRO FERNANDES3,1, ALAN CHRISTIE DA SILVA DANTAS3,1, RICARDO SANTANA DE LIMA 3,1
1. UNIVASF - Universidade Federal do Vale do São Francisco, 2. HU-UNIVASF - Hospital Universitário Dr. Washington Antônio de Barros, 3. IPCM - Instituto de Pesquisa em Ciência dos Materiais/Mestrado em Ciência dos Materiais
ricardo.lima@univasf.edu.br

No Brasil, a maior produção de gesso está no nordeste. Pernambuco é responsável por cerca de 87,6% da produção nacional. Além disso, a região possui um dos maiores rebanhos de caprinos no mundo e o sertão pernambucano é caracterizado por alta produtividade, gerando um volume de resíduo orgânico sólido, o esterco, que deve ser gerenciado adequadamente. Municípios como Petrolina, Afrânio, Dormentes, Lagoa Grande e Orocó estão sob o risco de surgimento de novos casos da doença de Chagas, ainda pela presença de barbeiros. Em Petrolina-PE, o índice de infestação é de 23,1%, acima dos 5% aceitáveis pelo MS. Focos do inseto transmissor se concentram em comunidades da zona rural das cidades. O cenário, portanto, é favorável a proposição de um novo material a base de gesso e esterco caprino para uso no melhoramento habitacional da região com vistas à redução da domiciliação dos vetores da doença de Chagas. O presente trabalho desenvolveu e caracterizou um novo compósito a base de gesso e esterco caprino para revestimento em alvenarias. A caracterização do esterco caprino se deu por MEV, FTIR, DRX e RMN. Com o compósito de gesso e esterco caprino, foram realizados teste de porosidade, tempo de pega, além da MEV, FTIR, DRX e ensaios mecânicos de compressão e aderência. Para os ensaios mecânicos e de porosidade foi variada a razão água/ gesso (A/G) em 0,5, 0,6 e 0,7 e nos grupos sem esterco, com 1%, 5% e 10% de esterco, além da granulometria do esterco em 0,5 mm e 1,0mm. Como resultados observou-se que o esterco possui características retardantes de pega, pela detecção de substâncias orgânicas como o ácido carboxílico e proteínas. Houve modificações morfológicas e aumento na porosidade do compósito com o aumento da razão A/G e do percentual de aditivo adicionado nas amostras. O FTIR evidenciou ligações químicas referentes ao esterco e ao gesso. O DRX revela que a adição de até 5% de esterco não muda a estrutura cristalina do compósito mantendo a matriz de gesso dihidratado. Os valores obtidos de resistência mecânica, tanto à compressão, quanto a aderência estão de acordo com as normas estabelecidas para o gesso e pasta de gesso. A utilização do compósito na razão A/G=0,5 com a adição de 5% de esterco caprino atendem as normas para o uso de material de revestimento e deve ser avaliada quanto a utilização em forma de revestimento para aplicação em residências rurais nas regiões endêmicas para a doença de Chagas.



Palavras-chaves:  Alvenaria, Doença de Chagas, Esterco