TAXA DE POSITIVIDADE DE HEMOCULTURA PARA TRYPANOSOMA CRUZI É MAIOR ENTRE PACIENTES COM DOENÇA DE CHAGAS CRÔNICA COM FORMA CARDÍACA DO QUE NAQUELES SEM EVIDÊNCIA DE DANO CARDÍACO. |
Os mecanismos que governam a progressão da doença de Chagas ainda não são claros. A persistência do parasita no miocárdio e a carga parasitária são apontadas como fatores importantes na progressão da doença de Chagas. O objetivo deste estudo foi comparar a taxa de positividade de hemocultura para Trypanosoma cruzi entre pacientes com doença de Chagas crônica com forma cardíaca e sem evidência de dano cardíaco. Tratou-se de um estudo transversal retrospectivo que incluiu pacientes com doença de Chagas crônica que colheram hemocultura para T. cruzi entre 2008 e 2010. Dados clínicos e epidemiológicos foram coletados por meio de revisão de prontuários. As hemoculturas foram realizadas utilizando meio de Novy, MacNeal e Nicolle enriquecido com meio de Schineider. Foram realizadas hemoculturas para T. cruzi de 139 pacientes com doença de Chagas crônica entre 2008 e 2010. Entre os pacientes incluídos, 48 (34,5%) apresentavam a forma indeterminada, 68 (48,9%) forma cardíaca, 7 (5,0%) forma digestiva, e 16 (11,5%) forma mista (cardíaca+digestiva). A taxa de positividade da hemocultura foi de 30,2%. Pacientes com hemocultura positiva eram mais velhos (52±13 vs. 45±13 anos, P=0,004). O sexo feminino predominou no grupo de pacientes com hemocultura positiva (71,4% vs. 53,6%, P=0,04). A maioria dos pacientes nasceu nas regiões Nordeste e Sudeste e o principal mecanismo de transmissão foi o vetorial em pacientes com hemoculturas positivas ou negativas. A taxa de positividade das hemoculturas para T. cruzi foi de 36.9% entre pacientes com forma cardíaca ou mista enquanto que naqueles sem evidência de dano cardíaco (indeterminado e digestivo) foi de 20% (P=0.04). Os achados deste estudo sugerem que a carga parasitária e a persistência do parasito podem influenciar a patogênese e a progressão da doença de Chagas já que a positividade da hemocultura foi maior nos pacientes que apresentavam acometimento cardíaco. Porém, estudos longitudinais serão necessários para elucidar valor prognóstico de hemocultura positiva entre pacientes com doença de Chagas. Observou-se que a taxa de positividade da hemocultura para T. cruzi foi maior entre pacientes com forma cardíaca que em pacientes sem evidência de dano cardíaco. |