TAXA DE POSITIVIDADE DE HEMOCULTURA PARA TRYPANOSOMA CRUZI É MAIOR ENTRE PACIENTES COM DOENÇA DE CHAGAS CRÔNICA COM FORMA CARDÍACA DO QUE NAQUELES SEM EVIDÊNCIA DE DANO CARDÍACO.
MARCO ANTONIO PRATES NIELEBOCK 1, LUCIANA DE FREITAS CAMPOS MIRANDA1, ALINE FAGUNDES1, ALEJANDRO MARCEL HASSLOCHER MORENO1, LUIZ HENRIQUE CONDE SANGENIS1, ROBERTO MAGALHÃES SARAIVA1
1. INI/FIOCRUZ - Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas
marconielebock@gmail.com

Os mecanismos que governam a progressão da doença de Chagas ainda não são claros. A persistência do parasita no miocárdio e a carga parasitária são apontadas como fatores importantes na progressão da doença de Chagas. O objetivo deste estudo foi comparar a taxa de positividade de hemocultura para Trypanosoma cruzi entre pacientes com doença de Chagas crônica com forma cardíaca e sem evidência de dano cardíaco. Tratou-se de um estudo transversal retrospectivo que incluiu pacientes com doença de Chagas crônica que colheram hemocultura para T. cruzi entre 2008 e 2010. Dados clínicos e epidemiológicos foram coletados por meio de revisão de prontuários. As hemoculturas foram realizadas utilizando meio de Novy, MacNeal e Nicolle enriquecido com meio de Schineider. Foram realizadas hemoculturas para T. cruzi de 139 pacientes com doença de Chagas crônica entre 2008 e 2010. Entre os pacientes incluídos, 48 (34,5%) apresentavam a forma indeterminada, 68 (48,9%) forma cardíaca, 7 (5,0%) forma digestiva, e 16 (11,5%) forma mista (cardíaca+digestiva). A taxa de positividade da hemocultura foi de 30,2%. Pacientes com hemocultura positiva eram mais velhos (52±13 vs. 45±13 anos, P=0,004). O sexo feminino predominou no grupo de pacientes com hemocultura positiva (71,4% vs. 53,6%, P=0,04). A maioria dos pacientes nasceu nas regiões Nordeste e Sudeste e o principal mecanismo de transmissão foi o vetorial em pacientes com hemoculturas positivas ou negativas. A taxa de positividade das hemoculturas para T. cruzi foi de 36.9% entre pacientes com forma cardíaca ou mista enquanto que naqueles sem evidência de dano cardíaco (indeterminado e digestivo) foi de 20% (P=0.04). Os achados deste estudo sugerem que a carga parasitária e a persistência do parasito podem influenciar a patogênese e a progressão da doença de Chagas já que a positividade da hemocultura foi maior nos pacientes que apresentavam acometimento cardíaco. Porém, estudos longitudinais serão necessários para elucidar valor prognóstico de hemocultura positiva entre pacientes com doença de Chagas. Observou-se que a taxa de positividade da hemocultura para T. cruzi foi maior entre pacientes com forma cardíaca que em pacientes sem evidência de dano cardíaco.



Palavras-chaves:  Doença de Chagas, Hemocultura, Insuficiência cardíaca