AVALIAÇÃO DO TESTE MOLECULAR RÁPIDO GENEXPERT MTB/RIF NA ROTINA DO DIAGNÓSTICO DA TUBERCULOSE DE UM LABORATÓRIO MUNICIPAL DE SAÚDE PÚBLICA DE RECIFE |
A tuberculose (TB) permanece como um desafio para a saúde pública no mundo e no Brasil. Um melhor controle da doença requer um diagnóstico rápido e preciso, porém os métodos laboratoriais convencionais, cultura e baciloscopia (BK) apresentam limitações. A cultura, considerada o padrão-ouro, é uma técnica laboriosa e demorada na obtenção dos resultados. A BK é um método simples e rápido, mas apresenta baixa sensibilidade, detectando apenas 60 a 80% dos novos casos da doença. Visando suprir essa deficiência diagnóstica, a Organização Mundial de Saúde tem recomendado, desde 2010, o uso do teste rápido molecular (TRM-TB), GeneXpert MTB/RIF, em países com alta carga de TB para substituir a baciloscopia. O Brasil, em 2014, implementou 160 equipamentos de TRM-TB nos municípios com maiores taxas de incidência de TB. Recife foi incluída, por ser a terceira cidade com maior incidência de TB no país, recebendo 3 equipamentos. Este trabalho avaliou a acurácia do TRM-TB ao longo do seu primeiro ano de implementação, no Laboratório Municipal de Saúde Pública de Recife, comparando-o com a cultura. A análise foi feita a partir dos resultados dos exames realizados em 1.365 amostras de escarro, em que 227 eram positivas para TB pela cultura e 247 positivas pelo TRM-TB. O teste molecular, apresentou sensibilidade de 88,99%, especificidade de 95,08%, valor preditivo positivo 78.29%, valor preditivo negativo 97,74%, acurácia de 94,07% e coeficiente kappa de 0,79. Com a aquisição do equipamento observou-se um aumento relevante na realização de exames e na busca ativa de casos de TB, no entanto, o BK ainda foi realizado para a maior parte das amostras devido à qualidade insatisfatória das mesmas e o TRM-TB foi realizado em 14% das amostras recebidas no período de 12 meses após a sua implantação. O TRM-TB além de apresentar boa acurácia, não necessitou aumento de recursos humanos pela facilidade no manuseio do equipamento e na interpretação dos resultados. Devido a sua automatização, os riscos de biossegurança foram diminuídos. Todavia, não foi possível a substituição completa da baciloscopia pelo teste molecular, uma vez que a BK ainda auxilia o diagnóstico em amostras insatisfatórias para o TRM-TB. Outro desafio em relação ao TRM-TB é o seu alto custo que leva a incerteza na manutenção dos equipamentos e insumos na rotina laboratorial. Além disso, a incorporação do novo método não assegura uma contribuição para reverter o panorama epidêmico da TB em Recife. |