DETECÇÃO MOLECULAR DE LEISHMANIA SPP. EM FLEBOTOMÍNEOS (DIPTERA: PSYCHODIDAE) DE UM ESTRATO PERIDOMICILIAR-SILVESTRE EM OIAPOQUE, AMAPÁ, REGIÃO FRONTEIRIÇA BRASIL-GUIANA FRANCESA
THIAGO VASCONCELOS DOS SANTOS 1,2, DANIELA DE PITA-PEREIRA1,2, THAIS DE ARAUJO-PEREIRA1,2, FÁBIO MÁRCIO MEDEIROS DA SILVA FREIRE1,2, LUCIENE ARANHA DA SILVA SANTOS1,2, FERNANDO TOBIAS SILVEIRA1,2, MARINETE MARINS PÓVOA1,2, ELIZABETH FERREIRA RANGEL1,2
1. SAPAR/IEC/SVS/MS - Seção de Parasitologia, Instituto Evandro Chagas, Secretaria de Vigilândia em Saúde, Ministério da Saúde, 2. PPGBAIP/ICB/UFPA - Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes infecciosos e Parasitários, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pará, 3. LBMDE/IOC/FIOCRUZ - Laboratório de Biologia Molecular e Doenças Endêmicas, Instituto Oswaldo Cruz, FIOCRUZ, 4. LIVEDIH/IOC/FIOCRUZ - Lab. Interdisciplinar de Vigilância Entomológica em Diptera e Hemiptera/ Lab Referência Nacional e Internacional/Regional/OPS em Vigilância de Vetores de Leishmanioses, Instituto Oswaldo Cruz, FIOC
thiagovasconcelos@iec.gov.br

Na fronteira Brasil-Guiana Francesa, a leishmaniose tegumentar Americana (LTA) é endêmica e importante questão de Saúde Pública envolvendo responsabilidade binacional. Visando contribuir com melhor entendimento da transmissão da LTA neste cenário, um estudo entomológico foi conduzido na localidade de Vila Vitória, Oiapoque, Amapá, durante 2016-2017. Flebotomíneos foram capturados com auxílio de armadilhas luminosas CDC instaladas em quatro estratos horizontais de ambiente antropizado (peridomicílio, intradomicílio, borda de mata e mata) e dois estratos verticais de ambiente silvestre (1,5m do solo e 20m em copas de árvores). Os espécimes foram identificados de acordo com caracteres morfológicos. Aproximadamente 20% das fêmeas capturadas foram submetidas à extração de DNA individualmente ou agrupadas em pools de até 10 exemplares. Estas amostras foram processadas para um ensaio de PCR-multiplex, visando a detecção da região conservada dos minicírculos do kDNA de Leishmania e do gene cacophony , constitutivo específico de flebotomíneos. Foram capturados 3,960 flebotomíneos, sendo 1,192 (22spp.) no ambiente antropizado e 2,768 (31spp.) no ambiente silvestre. As espécies mais frequentes no ambiente antropizado incluíram Evandromyia infraspinosa (434; 36.4%), Trichophoromyia ininii (424; 35.5%) e Trichopygomyia trichopyga (171; 14.3%). No ambiente florestado predominaram Nyssomyia umbratilis (1,102; 39.8%), Ev. infraspinosa (760; 27.4%) e Ps. ayrozai (281;10.1%). Foram processados 551 espécimes, agrupados em 79 amostras, dentre as quais foram detectadas 26 positivas para Leishmania spp.  No ambiente antropizado, o DNA de Leishmania spp. foi detectado em amostras de borda de mata em Psychodopygus squamiventris maripaensis (1), Bichromomyia flaviscutellata (3) e de mata em Ny. umbratilis (1) e Th. ininii (2). No ambiente silvestre, a detecção de Leishmania ocorreu em Bi. flaviscutellata (1) Ev. infraspinosa (2) capturados no solo bem como em Ny. umbratilis de solo (4) e copa (9) e Ps. s. maripaensis de solo (1) e copa (2). Os resultados evidenciam a circulação de Leishmania spp. em cinco espécies de flebotomíneos presentes em diversos estratos predominantemente associados ao ambiente silvestre e ressaltam a necessidade de investigação destas como potenciais transmissores de LTA. A identificação das espécies de Leishmania spp. detectadas será realizada posteriormente por sequenciamento do gene hsp70.



Palavras-chaves:  Leishmania, detecção molecular, flebotomíneos, fronteira Brasil-Guiana Francesa