MODULAÇÃO DA RESPOSTA IMUNE NA COINFECÇÃO ENTRE ESQUISTOSSOMOSE E HIV: UM RELATO DE CASO
LÍVIA KARINE DOS SANTOS NEVES 1, MARCOS RENAN MACIEL DE FIGUEIREDO1, ALEXANDRE COELHO BARCELLOS1, JANAÍNA LARISSE DE MOURA BARROS1, JULIANA LEONEL HIRAKAWA1, PAULO SÉRGIO ALVES ABOU HANA JÚNIOR1, LUCAS FREITAS FRANÇA1, BRUNA FERREIRA NOBRE1, WHEVERTON RICARDO CORREIA DO NASCIMENTO1
1. UNINASSAU - Centro Universitário Maurício de Nassau, 2. IAM - FIOCRUZ - Instituto Aggeus Magalhães - FIOCRUZ
liviakneves@gmail.com

A esquistossomose é uma doença infecto parasitária causada pelo Schistossoma mansoni . É considerada pela OMS a segunda doença parasitária de maior importância no mundo com mais de 200 milhões de casos. Por outro lado, o HIV é um retrovírus que infecta linfócitos T CD4 + . O portador do vírus exibe imunodepressão da resposta adquirida, interferindo no curso natural de outras doenças infecciosas. Portanto, o relato deste caso objetiva demonstrar as alterações imunológicas da coinfecção entre HIV e esquistossomose. O paciente foi voluntário de uma pesquisa sobre alergias, porém por ser uma pessoa vivendo com HIV foi excluído. A partir disso, buscou-se seu prontuário nos serviços de atendimento . Em outubro de 2014, R.V.S, sexo masculino, 19 anos, solteiro, heterossexual, natural e procedente de Cabo de Santo Agostinho-PE, procurou a UBS queixando-se de febre, odinofagia e diarreia há 15 dias. Nos últimos 03 dias apresentou tosse produtiva, dispneia e taquicardia aos moderados esforços; perda de 07 kg, cefaleia e febre alta. Relata banho de rio em região endêmica para o S. mansoni , iniciou vida sexual aos 13 anos, atualmente tem múltiplas parceiras e mantém relações sem proteção. Ao exame: EGR, adenopatia e rash cutâneo, enantema com lesões esbranquiçadas em orofaringe. ACV: RCR-2T, BNF, S/S, FC:110 bpm, PA:110x70 mmHg. AR: MV+, em AHT, simétrico. AGI: Fígado:5 cm do RCD. Baço:3 cm do RCE. RHA+. Exames: Cultura de sangue total para dosagem de citocinas do perfil Th1 e Th2. Parasitológico foi positivo para o S. mansoni com o Kato-Katz demonstrando baixa carga parasitária. Hemograma: Leucócitos totais:2500, linfócitos absolutos:750. Sorologia para HIV:+. Carga viral inicial:1.10 6 cópias, Linfócitos TCD4+:321, Citocinas:IFNγ:0; TNFα:11,76; IL10:117,46; IL6: 12927,02; IL4:0; IL2:0. Foi tratado com praziquantel e iniciou terapia antiretroviral de alta eficácia. Apresentou melhora clínica, e após onze meses repetiu hemograma: Leucócitos totais:5100; com eosinófilos: 1066. A resposta Th2 é proeminente na defesa para a esquistossomose, contudo a imunodepressão induzida pelo HIV levou a uma redução das citocinas de perfil Th1 e Th2 e elevação da IL10 antes da TAARV. Após tratamento, o paciente demonstrou aumento da resposta imunológica com predomínio da resposta Th2. Em conclusão, o paciente teve diminuição das citocinas antes da TAARV, e após um ano de tratamento para esquistossomose e o HIV apresentou intensa eosinofilia, sugerindo participação de células Th2.



Palavras-chaves:  Citocinas, Esquistossomose, HIV