PESQUISA DE ANTICORPOS PARA O VÍRUS DA FEBRE AMARELA EM SAGUIS (Callithrix spp.) CAPTURADOS EM ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE CAMPINAS, SÃO PAULO, EM PERÍODO ANTERIOR À OCORRÊNCIA DE EPIZOOTIA EM PRIMATAS NÃO HUMANOS
LAÍS MORAES PAIZ 1, RENATO PEREIRA DE SOUZA1, JULIANA SILVA NOGUEIRA1, ANTONIA TORRES MARTI1, RODRIGO NOGUEIRA ANGERAMI1, MARIA RITA DONALISIO1
1. FCM-UNICAMP - Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, 2. IAL - Núcleo de Doenças de Transmissão Vetorial, Centro de Virologia, Instituto Adolfo Lutz, 3. HC-UNICAMP - Seção de Epidemiologia Hospitalar, Hospital de Clínicas, Universidade Estadual de Campinas, 4. DEVISA - Departamento de Vigilância em Saúde, Secretaria Municipal de Saúde de Campinas, São Paulo
laismoraesp@gmail.com

O vírus da febre amarela (FA), pertencente à família Flaviviridae, é transmitido em ciclos silvestres naturais que envolvem mosquitos vetores e hospedeiros primatas não-humanos (PNH). Alguns gêneros de PNH, como o Alouatta , são mais suscetíveis, desenvolvendo doença grave e frequentemente fatal. Por outro lado, saguis ( Callithrix spp.) e macacos-prego ( Sapajus spp.) apresentam graus variáveis de resistência. No Brasil, a FA é endêmica na Bacia Amazônica, mas surtos esporádicos a partir de ciclos silvestres ocorrem fora dessa área. O objetivo deste trabalho foi investigar a exposição ao vírus da FA em 15 Callithrix penicillata (sagui-do-tufo-preto) e dois C. jacchus (sagui-do-tufo-branco). Os animais foram capturados entre abril/2014 a março/2015 na área de proteção ambiental (APA) de Campinas, São Paulo, onde posteriormente, em 2017, foram registradas epizootias e um caso humano autóctone. As amostras de soro sanguíneo foram testadas em duplicata, a partir de 1:20, utilizando-se a prova de inibição de hemaglutinação com uma bateria de antígenos que inclui o vírus da FA e os arbovírus: Encefalite de Saint Louis, Ilheus, Rocio, Iguape, Encefalite Equina do Leste e do Oeste, Mucambo e Caraparu. Todas as amostras exibiram resultado não reagente, indicando que os saguis examinados não foram expostos aos antígenos empregados na prova sorológica. As epizootias de FA são eventos sentinelas, importantes para a prevenção de casos humanos. O Sistema de Vigilância de Epizootias em PNH foi incorporado pelo Ministério da Saúde brasileiro em 1999, baseando-se especialmente em vigilância passiva, com investigação de óbitos de PNH. A detecção de anticorpos ou isolamento viral para investigação da circulação do vírus em populações de PNH, embora complexa, é uma importante ferramenta de vigilância ativa. Entretanto, em áreas sem notificação de casos humanos, a detecção de anticorpos em PNH é incomum. Bem como neste trabalho, seis animais examinados em 2016 pelo Departamento de Vigilância em Saúde municipal também foram negativos em exames para FA. Embora a amostra da população de saguis avaliada seja pequena, os resultados sugerem a sensibilidade do sistema de vigilância passiva da FA e a ausência de circulação do vírus entre os saguis amostrados em 2014 e 2015, anteriormente à notificação de epizootias na APA-Campinas em 2017.



Palavras-chaves:  febre amarela, primatas, sorologia