INVESTIGAÇÃO DE INFECÇÃO POR Rickettsia rickettsii EM MAMÍFEROS SILVESTRES DE VIDA LIVRE EM ÁREA ENDÊMICA PARA FEBRE MACULOSA BRASILEIRA NO ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL
LAÍS MORAES PAIZ 1, ADRIANO PINTER DOS SANTOS1, LETÍCIA BEZERRA FARIA1, REGINA FUKAI1, ELISA SAN MARTIN MOURIZ SAVANI1, CELSO EDUARDO DE SOUZA1, MARIA RITA DONALISIO1
1. FCM-UNICAMP - Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, 2. SUCEN - Superintendência de Controle de Endemias, Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, 3. LABZOO-CCZ-SP - Laboratório de Zoonoses e Doenças Transmitidas por Vetores, Centro de Controle de Zoonoses de São Paulo, 4. SUCEN - Superintendência de Controle de Endemias, Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
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A febre maculosa brasileira (FMB) é causada principalmente por Rickettsia rickettsii , cujos reservatórios e vetores são os carrapatos, particularmente da espécie Amblyomma sculptum. Nos carrapatos há transmissão transovariana e transestadial e hospedeiros vertebrados atuam na infecção de novas linhagens. Capivaras ( Hydrochaeris hydrochaeris ) e gambás ( Didelphis spp.) são hospedeiros amplificadores. A infecção por riquétsias do grupo da febre maculosa (GFM) foi investigada em mamíferos silvestres capturados entre abril/2014 a março/2015 na área de proteção ambiental (APA) de Campinas, São Paulo, município responsável pelo maior número de casos notificados no estado. Amostras de sangue foram colhidas e destinadas à extração de DNA e obtenção do soro. A reação de imunofluorescência indireta foi empregada para pesquisa de anticorpos em amostras de soro de gambás diluídas de 1:64 a 1:2048, utilizando-se como antígeno R. rickettsii cepa Taiaçú. A reação em cadeia da polimerase (PCR) foi realizada utilizando-se primers para o gene glt A de Rickettsia spp. (CS-5/CS-6 e CS-239/CS-1069) e omp A de riquétsias do GFM ( Rr 190.70p/ Rr 190.602n). No total, foram amostrados 82 mamíferos das espécies: Callithrix jacchus (sagui-do-tufo-branco; n=8), Callithrix penicillata (sagui-do-tufo-preto; n=18), Didelphis albiventris (gambá-de-orelha-branca; n=43), Didelphis aurita (gambá-de-orelha-preta; n=11), Mazama gouazoubira (veado catingueiro; n=1) e Sciurus ( Guerlinguetus ) aestuans (esquilo; n=1). Anticorpos foram detectados na amostra de um D. albiventris , com título de 128, perfazendo soroprevalência de 1,8% (1/54; IC95% 0,04-9,8). Amostras sanguíneas de todos os mamíferos foram negativas à PCR. A detecção nessas amostras é rara, devido à localização endotelial das riquétsias e o curto período de riquetsemia, que em condições experimentais foi de 16-30 dias em D. aurita . Por outro lado, soroprevalência superior era esperada nesta área, endêmica para FMB, e devido ao papel dos gambás como hospedeiros amplificadores. A ausência de anticorpos ocorre em animais nunca infectados, mas também em recém-infectados que ainda não desenvolveram resposta imune ou infectados anteriormente, cujos anticorpos caíram a um nível indetectável, como foi demonstrado em gambás infectados experimentalmente. À medida que a FMB representa risco à saúde humana, o monitoramento da fauna silvestre é importante para elucidar o ciclo enzoótico das riquétsias e auxiliar na vigilância e controle da enfermidade.



Palavras-chaves:  febre maculosa, PCR, sorologia