FREQUÊNCIA DE Chlamydia trachomatis EM MULHERES PRIVADAS DE LIBERDADE NO EXTREMO SUL DO BRASIL
LAURA CARNEIRO DA ROSA ARANALDE1, JÚLIA SILVEIRA VIANNA 1, DANIELA PERES MARTINEZ1, FABIANE GATTI1, CARLA VITOLA GONÇALVES1, IVY BASTOS RAMIS1, CARLOS CASTILHOS DE BARROS1, VANUSA POUSADA DA HORA1
1. FURG - Universidade Federal de Rio Grande, 2. UFPEL - Universidade Federal de Pelotas
jusvianna@hotmail.com

Introdução : A infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Chlamydia trachomatis pode apresentar-se assintomática e facilitar a transmissão dos vírus da imunodeficiência humana (HIV) e papilomavírus humano (HPV). Dentre populações vulneráveis a esta IST, estão às mulheres privadas de liberdade (MPL) que apresentam comportamentos de risco. Objetivos: Identificar a frequência de C. trachomatis em MPL. Desenho do estudo : Realizou-se um estudo transversal incluindo MPL de seis unidades prisionais da 5ª Delegacia Penitenciária Regional do Rio Grande do Sul. O estudo foi realizado no período de maio/2017 a janeiro/2018, com coleta de dados relacionados à saúde e ao encarceramento das MPL. Métodos : Foi realizada auto coleta de amostras cérvico-vaginais em 59 MPL que aceitaram participar do estudo. Nestas amostras foi realizada reação em cadeia da polimerase para identificação molecular da C. trachomatis. Além disso, foi aplicado questionário com questões sobre comportamento sexual e conhecimento sobre IST a todas as participantes. Resultados: C. trachomatis foi identificada em 13,5% das MPL (8/59). Em relação às variáveis de comportamento sexual dessas mulheres infectadas, 50% relataram usar preservativos às vezes e, 62,5% não usou preservativo na última relação sexual. Além disso, 50% não lembravam o número de parceiros sexuais durante a vida. Ao avaliar o conhecimento sobre IST, no total das 59 MPL, 59,3% desconheciam o aumento do risco de infecção por HIV em pessoas com alguma IST, assim como 57,7%, sobre o tratamento e a cura da Clamídia. Discussão: A infecção por C. trachomatis pode ser silenciosa, porém, é capaz de desencadear problemas graves, como doença inflamatória pélvica e infertilidade. Neste estudo, a técnica de auto coleta mostrou-se uma boa ferramenta para o diagnóstico de IST nesta população, que é de difícil acesso. Além disso, manter relações sexuais desprotegidas é o principal fator de risco para infecção por Clamídia, o que é uma prática comum em unidades prisionais, principalmente pelas condições emocionais e de confinamento que as MPL estão expostas. Por fim, alerta-se o desconhecimento por parte desta população sobre os riscos causados por IST e as medidas de prevenção e cura. Conclusão : Nesta perspectiva, a ligação entre os serviços de saúde e o sistema carcerário torna-se fundamental, na promoção de programas de prevenção, diagnóstico e controle de saúde, bem como na educação dessas MPL com alta vulnerabilidade social.



Palavras-chaves:  Vulnerabilidade Social, Prisões, Infecção Bacteriana