ANÁLISE DA COMPETÊNCIA VETORIAL DE FÊMEAS DE Aedes aegypti, EXPOSTAS À RADIÇÃO IONIZANTE, AO ZIKA VÍRUS
CARLOS MESSIAS DE MENDONÇA 1, DUSCHINKA RIBEIRO DUARTE GUEDES1, MARCELO HENRIQUE SANTOS PAIVA1, EDVANE BORGES DA SILVA1, MARIA ALICE VARJAL DE MELO SANTOS1
1. UFPE - Universidade Federal de Pernambuco, 2. IAM - INSTITUTO AGGEU MAGAHÃES – FIOCRUZ – PE
mendoncacm27@gmail.com

No Brasil, o mosquito Aedes aegypti é considerado o principal vetor de dengue, chikungunya e zika e o seu controle continua sendo a forma mais importante para reduzir a incidência dessas arboviroses. Neste contexto, algumas novas abordagens para o controle da espécie vêm sendo testadas, como a técnica do inseto estéril (TIE), que está baseada na liberação de milhares de machos esterilizados por radiação ionizante. Esta técnica requer separação mecânica dos machos por tamanho, no processo de triagem das pupas. No entanto, é inerente a esta metodologia um percentual de erro, geralmente muito baixo (<1%), que pode levar à soltura conjunta de fêmeas. Estudos têm comprovado que tais fêmeas também são estéreis e não produzem ovos, embora nada indique que sua necessidade pelo repasto sanguíneo e sua susceptibilidade aos arbovírus sejam modificadas. Assim, o presente estudo se propôs a avaliar a resposta de fêmeas de Ae. aegypti provenientes da Ilha de Fernando de Noronha, esterilizadas por radiação gama (40 Gy), à infecção experimental pelo vírus Zika (ZIKV). Fêmeas com idade de 7-10 dias foram alimentadas por um sistema artificial com uma mistura de sangue desfibrinado de coelho e uma suspensão viral com uma titulação de 1,1 x 109 PFU/ml. Intestinos e glândulas salivares de um grupo de 12 fêmeas irradiadas (FI) e não irradiadas-controle (FC) foram analisados por qRT-PCR no 7º e no 14º dia após a infecção (dpi). As análises preliminares desses tecidos revelaram que a taxa de infecção e disseminação no 7º dpi foram, respectivamente maiores, para as FI (75% e 44%) do que para as FC (41,6% e 0) e que no 14º dpi, a variação foi de 33,3% e 75% para as FI e de 50% e 33,3% para as FC. Estes resultados precisam ser confirmados em outras infecções, embora sejam sugestivos que as fêmeas irradiadas sejam tão ou mais competentes para a transmissão do vírus do que as não irradiadas. Um trabalho anterior do nosso grupo também demonstrou que o corpo gorduroso das FI era maior do que os das FC. Assim, é possível sugerir que o bloqueio da produção de ovos nas FI tenha levado ao acumulo de reservas energéticas que terminaram por beneficiar a replicação do ZIKV no corpo da fêmea. Desta forma, a necessidade de melhorias na sexagem dos mosquitos se torna um requisito importante para o uso seguro da TIE em áreas de transmissão do ZIKV. Estas informações são fundamentais para os estudos de avaliação de risco de transmissão de arboviroses. 



Palavras-chaves:  Aedes aegypti, Competência vetorial , Radiação ionizante