ISOLAMENTO DA CARIATINA COMO UM COMPONENTE ANTIPLASMODIAL DE SYMPHYOPAPPUS CASARETTOI (ASTERACEAE). |
Apesar das numerosas pesquisas na busca de novos antimaláricos no mundo e da disponibilidade de várias classes de medicamentos para tratamento da doença, a malária continua sendo uma ameaça à saúde em regiões tropicais e subtropicais. Asteraceae é uma das maiores famílias do reino vegetal com muitas espécies usadas na medicina popular, como por exemplo, a Artemisia annua , de onde se obtém a artemisinina, um dos antimaláricos mais ativos na atualidade. A espécie Symphyopappus casarettoi B.L. Roubar (syn. Eupatorium casarettoi ) mostrou atividade in vitro contra o Plasmodium falciparum e em camundongos infectados com P. berghei. Neste trabalho o objetivo foi isolar e identificar compostos ativos das inflorescências da espécie através do fracionamento guiado por bioensaios. A atividade do extrato bruto e das frações (IC 50 ) foi avaliada contra formas sanguíneas do P. falciparum, clone W2 cloroquina resistente, pelo SYBR, ou HRPII. O ensaio de citotoxicidade ( MLD 50 ) foi realizado com células BGM de rim de macaco pela incorporação de vermelho neutro e a atividade antimalárica avaliada em camundongos infectados com P. berghei , cepa NK65. O IC 50 do extrato bruto etanólico foi de 4,8 ± 2,1 µg/mL, o MLD 50 de 36,1µg/mL, e o valor do índice de seletividade foi 8 (IS = MDL 50 /IC 50 ). O extrato foi submetido a várias etapas de cromatografia líquida em coluna, monitorando-se a atividade antiplasmodial das frações obtidas. Uma das frações mostrou IC 50 de 5 ± 1µg/mL, MLD 50 ≥250µg/mL e um IS≥50. O composto principal obtido na análise dessa fração pela cromatografia líquida acoplada a UV e espectrometria de massa de alta resolução (UPLC-UV-HRMS) indicou a presença de um composto (>99%) com possível fórmula molecular C 17 H 14 O 7 o qual, pela análise dos espectros de RMN 1D e 2D, foi identificado como o flavonoide cariatina (3,5-dimetoxi quercetina). Esse flavonoide mostrou-se inativo em camundongos com P. berghei até a dose 200mg/Kg, sugerindo, portanto, que a atividade in vitro do extrato bruto se deve a outros componentes. |