ATUAÇÃO DO PROGRAMA DE CONTROLE DA ESQUISTOSSOMOSE EM PICOS, PIAUÍ, ENTRE OS ANOS DE 2014 E 2017 |
Na década de 80 o Brasil oficializou, junto ao Ministério da Saúde, o Programa de Controle da Esquistossomose (PCE), o qual seria responsável em adotar medidas de controle da doença em todo território nacional. A partir de julho de 1995 o sistema de controle da doença foi implantado em 17 estados brasileiros, entre eles o Piauí, onde a transmissão era considerada focal e limitada apenas ao município de Picos. Considerando o prazo estipulado pela Organização Mundial de Saúde para a erradicação da doença no mundo até o ano de 2015, o presente estudo teve como objetivo descrever a atuação do PCE na referida cidade, considerando os anos de 2014 a 2017. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas com os servidores da Vigilância Sanitária e Centro de Controle de Zoonoses e por avaliação documental de relatórios e dados obtidos durante os anos mencionados. No período avaliado um total de 5.553 exames coprológicos foram realizados, dos quais apenas um foi positivo para S. mansoni . Quanto ao monitoramento dos caramujos, foram analisados 7.455 com apenas 50 sendo positivos para o trematódeo. Os resultados revelaram que houve a presença de caramujos positivos em todos os anos de estudo, mas somente em 2015, quando o número de moluscos infectados foi maior, foi registrada uma pessoa com a parasitose, a mesma teria recebido todo o tratamento necessário. Não houve registro de internações e óbitos pela doença entre os anos analisados. Quando investigada a atuação do PCE no controle da esquistossomose e sua eficácia na erradicação, os servidores relataram enfrentar problemas no saneamento domiciliar e ambiental, um dos argumentos usados para o aparecimento de gastrópodes positivos, e também a falta de um programa eficiente em educação em saúde. Além desses fatores, eles apontam uma série de problemas de infraestrutura e de recursos humanos para o desempenho das ações de maneira efetiva. Diante de toda a fragilidade na realização das atividades que compõem o PCE no local estudado, e também considerando que o estado do Piauí não aderiu à campanha de erradicação da doença no ano de 2016 pelo baixo número de casos detectados, é factível a necessidade de permanência e ampliação do PCE. Para isso, é essencial uma atenção maior para a estrutura do mesmo, maior capacitação e qualificação dos profissionais e implementação de atividades voltadas para a educação em saúde para todos os moradores e em especial os que vivem sob influência das áreas risco. |