MALÁRIA GRAVE IMPORTADA E SEPSE POLIMICROBIANA ASSOCIADA A CATETER VASCULAR: RELATO DE CASO NO RIO DE JANEIRO
DIRCE BONFIM DE LIMA 1, ISABELLE CHRISTINE DE MORAES MOTTA1, JULIO CESAR DELGADO CORREAL1, ALINE ALVES DA SILVA1, BRUNA SILVA GUIMARÃES FIUZA1, ADRIANA GUERREIRO SOARES DE OLIVEIRA1, PAULO VIEIRA DAMASCO1
1. UERJ, UNIRIO, HRL - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Hospital RIO Laranjeiras
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  1. Malária por Plasmodium falciparum ainda é uma doença potencialmente fatal, principalmente fora da Região mazônica onde os médicos não estão treinados para o tratamento desta doença negligenciada. Faremos relato de um caso de Malária Grave importada de Moçambique, de onde um militar retornou ao Estado do Rio de Janeiro com febre e desenvolveu bacteremia associada a cateter vascular por Klebisiella pneumoniae resistente a carbapenêmicos (KPC) e Pseudomonas aeruginosa adquiridas durante o transporte de um paciente numa unidade de terapia intensiva (UTI) móvel. Nosso estudo é descritivo através de um relato de caso. Realizamos revisão de prontuário e análise laboratorial. J., masculino, 57 anos, militar, chegou numa emergência em Cabo Frio com febre alta, mialgia, artralgia, náuseas, confusão mental e colúria. Referia viagem recente a Moçambique. Paciente foi transferido da Região do litoral Norte do Estado do RJ numa UTI móvel para ser tratado numa UTI no RJ. Exame da gota espessa evidenciou P.falciparum (parasitemia + - 40 a 60 parasitos/100 campos – 200 a 300 parasitos por mm³) e com esfregaço observamos formas evolutivas trofozoítas e esquizontes de P. falciparum (FUNSA). Constatamos infecção associada a cateter venoso central (duas hemoculturas positivas para KPC e P. aeruginosa multissensivel). Evoluiu com insuficiência renal aguda, hepatopatia infecciosa, insuficiência respiratória, pancreatite e encefalopatia após quinto dia de internação no CTI. Foi necessária intubação orotraqueal com ventilação mecânica e hemodiálise. Foi realizado tratamento com antimaláricos (artesunato e primaquina) e antibióticos (polimixina B associada a ciprofloxacino). No segundo dia de tratamento a parasitemia mostrou-se negativa. Paciente recebeu alta hospitalar após 21 dias de internação. letalidade da malária grave tem variado entre 30-50%, já as bacteremias por KPC muito acima deste índice no Brasil. Nossa hipótese é que as bacteriocinas produzidas pela P.aeruginosa tenham inibido a infecção por K.pneumoniae . hemodiálise contínua e médicos com treinamento em medicina tropical têm contribuído para diminuir a mortalidade da malária no Rio de Janeiro. importância do manejo adequado dos casos graves é essencial para redução de infecções associadas aos cuidados de saúde e da morbimortalidade causadas pela malária.


Palavras-chaves:  Malária, Plasmodium falciparum, Sepse