ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS DA LEISHMANIOSE VISCERAL NO PIAUÍ – BRASIL, 2007-2017
MARILENE DE SOUSA OLIVEIRA 1, DANIEL JOSIVAN DE SOUSA1, ANDREA NUNES MENDES DE BRITO1, CYNTIA REGINA LÚCIO DE SOUSA IBIAPINA1, MÁRCIO DÊNIS MEDEIROS MASCARENHAS1
1. PPGSC UFPI - PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM SAÚDE E COMUNIDADE DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
marilene9oliveira@gmail.com

A leishmaniose visceral (LV) é uma zoonose de evolução crônica, potencialmente fatal se não tratada precocemente, considerada um dos grandes problemas de saúde pública mundial. Estima-se que, a cada ano, surjam cerca de 200.000 a 400.000 novos casos e de 20 a 40 mil mortes. O Nordeste brasileiro com ampla transmissão de LV nos últimos 30 anos, é a principal região endêmica do país. Além da alta taxa de letalidade, a doença resulta em impacto econômico significativo no Sistema Único de Saúde (SUS), devido aos custos com tratamento medicamentoso e internação hospitalar. Objetivou-se descrever os aspectos clínicos e epidemiológicos da LV no Piauí no período de 2007 a 2017. Trata-se de um estudo descritivo dos casos confirmados de LV notificados em residentes no Piauí nos anos de 2007 a 2017. Utilizaram dados sobre casos confirmados de LV do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), disponibilizados no DATASUS. As variáveis estudadas foram: faixa etária, sexo, raça/cor, zona de residência, critério de confirmação, coinfecção com HIV, diagnóstico parasitológico, diagnóstico imunológico, critério de confirmação e evolução do caso. No período de 2007 a 2017, foram notificados 2.467 casos confirmados de LV no Piauí, dos quais 2.283 (92,54%) foram classificados como autóctones. A taxa de incidência variou de 8,3/100 mil habitantes em 2007 a 8,2/100 mil habitantes em 2017. Predominaram casos notificados de indivíduos na faixa etária de 20-39 anos (25,5%) seguida pela de 1 - 4 anos (24,6%), sexo masculino (66,4%), raça parda (88,3%) e residentes da zona urbana (67,5%). Houve elevado percentual de casos confirmados laboratorialmente (86,62%). A coinfecção com HIV foi detectada em 10,2% dos casos. Observou-se que o diagnóstico parasitológico e por imunoflorescência estiveram abaixo de 80%. Verificou-se uma frequência de cura 53,9%, com reduzido percentual de óbitos (0,32%) e elevado percentual de ignorados (34,2%). Conclui-se que a LV ainda é um desafio para a saúde da população do Piauí, haja vista que mais de 90% dos casos são autóctones. Embora acima de 80%, o acesso à confirmação laboratorial necessita ser expandido a todas as macrorregiões de saúde. Recomenda-se treinamento dos profissionais para o diagnóstico e manejo clínico a fim de propiciar o início do tratamento em tempo oportuno. Deve-se investir na melhoria da qualidade dos dados para evitar o elevado número de dados ignorados, bem como intensificar a busca ativa e acompanhamento dos casos.

 



Palavras-chaves:  Leishmaniose Visceral, Epidemiologia, Notificação de doenças