EPIDEMIOLOGIA DA SÍFILIS EM GESTANTE NO PIAUÍ – BRASIL, 2007-2016
MARILENE DE SOUSA OLIVEIRA1, DANIEL JOSIVAN DE SOUSA1, ANDREA NUNES MENDES DE BRITO1, CYNTIA REGINA LÚCIO DE SOUSA IBIAPINA1, MÁRCIO DÊNIS MEDEIROS MASCARENHAS1
1. PPGSC UFPI - PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM SAÚDE E COMUNIDADE DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
marilene9oliveira@gmail.com

A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) que, quando não tratada adequadamente durante a gestação, é um fator determinante na elevação dos indicadores de morbimortalidade materna e perinatal e no risco de ocorrência de sífilis congênita (SC). No Brasil, nos anos de 2005 a 2014, foram notificados 100.790 casos de Sífilis Gestacional (SG), havendo, nos últimos anos, aumento na taxa de incidência dessa infecção, sendo essa taxa, no ano de 2013, de 4,7 casos por mil nascidos vivos. O objetivo deste estudo foi descrever os aspectos epidemiológicos da sífilis em gestantes residentes no Piauí no período de 2007 a 2016. Trata-se de um estudo transversal, descritivo e retrospectivo, realizado com dados secundários sobre SG, entre residentes no estado do Piauí, disponibilizados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação – versão Net (SINAN NET) no sítio eletrônico do DATASUS. Foram analisadas as seguintes variáveis: faixa etária, idade gestacional no diagnóstico, raça/cor, escolaridade, classificação clínica, esquema de tratamento e taxa de detecção. Calculou-se a taxa de detecção dividindo o número de casos de SG detectados em gestantes residentes no Piauí no ano de 2007 e 2016 pelo número de nascidos vivos no mesmo ano e local. Durante o período em estudo, foram notificados 1.653 casos de SG, sendo a maioria na faixa etária de 20 a 39 anos (28,4%) e diagnosticados no 2º semestre de gestação (39,8%). Predominaram os casos notificados na raça parda (69,8%) e que tinham escolaridade de 5ª a 8ª série do ensino fundamental (28,4%). Com relação à classificação clínica, predominou a sífilis primária (31,5%), seguida da sífilis latente (25,2%).  A Penicilina Benzatina foi a droga mais prescrita para o tratamento (91,2%). A taxa de detecção variou de 2,5/1.000 nascidos vivos (nv) em 2007 a 6,4/1.000 nv em 2016. Conclui-se que houve aumento na incidência de casos SG no período, podendo-se considerar um desafio para a saúde pública no Piauí. O diagnóstico tardio dos casos (2º semestre de gestação) favorece a transmissão vertical e, consequentemente, o surgimento da sífilis congênita. Julga-se necessário o fortalecimento da atenção básica com ações de educação em saúde na população, melhora da qualidade do pré-natal, bem como a oferta de testes treponêmicos e não treponêmicos para o diagnóstico e seguimentos dos casos, a otimização do tratamento, evitando as reinfecções, sífilis congênita e outras formas graves da doença.

 



Palavras-chaves:  Sífilis, Epidemiologia, Notificação Compulsória, Cuidado Pré-Natal, Saúde Pública