COMPORTAMENTO DA SOROLOGIA CONVENCIONAL NA DOENÇA DE CHAGAS CRÔNICA APÓS SEGUIMENTO DE 37 ANOS
JOE MILTON BOCANEGRA1, SUELENE B. N. TAVARES1, ALEJANDRO O. LUQUETTI1, CLEUDSON NERY DE CASTRO 1
1. UNB - Universidade de Brasília, 2. UFG - Universidade Federal de Goiás, 3. UCB - Universidade Católica de Brasília
CLEUDSON@UNB.BR

A infecção chagásica crônica é detectada pela presença de anticorpos anti- T. cruzi que permanecem ao longo da vida. Daí o interesse em acompanhá-los no tempo, especialmente em pacientes tratados. Em 1975 foi iniciado o projeto Mambaí no qual foi colhido sangue e realizada a imunofluorescência indireta (IFI) e a hemaglutinação indireta (HAI), quantitativa e qualitativa para infecção chagásica. Em 1980, alguns pacientes foram tratados com Nifurtimox (NF) ou Benznidazol (BZ). Em 2012 novamente foi realizada a sorologia quantitativa por IFI, HAI, ELISA (Wiener). Foram examinados 170 indivíduos com idade média em 2012 de 57,9 anos, 102 do sexo feminino. Em 1975: 17, 23, 57, 54, 11 e 2 indivíduos apresentaram respectivamente títulos de IFI, 1:40, 80, 160, 320, 640, 1.280. Outros seis tiveram IFI qualitativa positiva. Em relação à HAI: 9, 27, 35, 44, 29 e 19 apresentaram, respectivamente, títulos 1:40, 80, 160, 320, 640 e 1.280. Outros 7, tiveram HAI qualitativa, 6 positivas e 1 negativa. Em 2012: 2, 2, 6, 6, 5, 14 e 32 tiveram respectivamente títulos de IFI,  1:40, 80, 160, 320, 640, 1.280, 2.560. Ainda em relação à IFI outros 2, 2, 1, 98 tiveram respectivamente títulos <1:10, >40, >320, =>5.120. Em relação à ELISA o índice de reatividade (densidade ótica/cut-off) dos 170 soros variou de 0,1 a 9,0 com 45 valores diferentes. Considerando valores >4,0 como positivos, 152 pacientes tiveram ELISA positiva com índice de 7,8 a 9,0. A interpretação dos dados fez-se comparando títulos sorológicos de 1975 e 2012. Dos 170, 16 foram tratados em 1980, 10 com NF e 6 com BZ. Seis (37,5%) foram considerados curados ou em vias de cura, em 10 houve falha terapêutica. Dos não tratados 4,5% (7/154) obtiveram cura espontânea. Mais de 30 anos após o tratamento os curados tiveram queda significativa dos títulos sorológicos. Aqueles com falha terapêutica e os não tratados continuam com títulos muito elevados. A definição de cura pela sorologia convencional é possível, porém leva décadas para  comprovação. O índice de cura na casuística foi 37,5% (6/16).



Palavras-chaves:  Infecção chagásica, Tratamento, Sorologia, Cura