PREVALÊNCIA DE NEUTROPENIA EM PACIENTES EM TRATAMENTO DE TOXOPLASMOSE CONGÊNITA EM HOSPITAL DE REFERÊNCIA EM RECIFE, PERNAMBUCO. |
O objetivo da pesquisa é identificar a prevalência das alterações hematológicas apresentadas durante o tratamento da toxoplasmose congênita nos lactentes atendidos nos ambulatórios do Serviço de Infectologia Pediátrica do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, em Recife. A toxoplasmose é uma doença infecciosa, causada pelo parasita Toxoplasma gondii que, quando a primo-infecção ocorre durante a gravidez, pode ser transmitida de mãe para filho através da placenta, podendo infectar o concepto ocasionando morte, aborto espontâneo ou sequelas como: défices neurológicos, neurocognitivos e coriorretinite. Em cada ano ocorrem cerca de 200 000 casos de toxoplasmose congênita no mundo. Duas drogas são utilizadas para o tratamento da doença, a Sulfadiazina e a Pirimetamina, que agem no metabolismo do ácido fólico, prejudicando a formação do DNA do parasito. Apesar da sua eficácia, essas drogas podem levar a mielosupressão como principal efeito colateral, frequentemente causando descontinuidade de tratamento. Por essa razão se associa ao tratamento o ácido folínico, para evitar esse efeito indesejado. O tratamento dura um ano. Nos seis primeiros meses a dose de Pirimetamina é diária e nos seis meses seguintes são 3 doses de Pirimetamina por semana. O esquema com Pirimetamina diária é denominado continuado e o de três doses semanais, descontinuado. O atual estudo trata-se de uma coorte retrospectiva de lactentes atendidos no ambulatório da Infectologia pediátrica do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC) no período de janeiro de 2008 até dezembro de 2017 e que fizeram tratamento medicamentoso. Foram revisados 93 prontuários de pacientes com diagnóstico clinico e laboratorial de toxoplasmose congênita. Destes, 22 apresentaram neutropenia (23%). Destes 22, 10 (45%), tiveram tratamento suspenso com a pirimetamina e desses 10, cinco (50%), estavam fazendo tratamento continuado da medicação. Diante desses resultados, concluiu-se que a neutropenia como efeito colateral é um achado frequente no tratamento da Toxoplasmose Congênita e que as chances de suspensão de tratamento por neutropenia foi igual para ambos esquemas terapêuticos. Esses pacientes em tratamento medicamentoso devem ser monitorados sob o ponto de vista hematológico para que se desenvolverem neutropenia, seja de imediato suspenso a medicação e substituída por outra droga que não desenvolva esse evento indesejado. |