PERSPECTIVAS DA UTILIZAÇÃO DO DNA BARCODING NA IDENTIFICAÇÃO DE FLEBOTOMÍNEOS
BRUNO LEITE RODRIGUES 1, PALOMA HELENA FERNANDES SHIMABUKURO1
1. IRR - Instituto René Rachou - Fiocruz Minas
brunno2310@gmail.com

Os flebotomíneos (Diptera, Psychodidae) são insetos associados com a transmissão de protozoários do gênero Leishmania . A taxonomia morfológica desses insetos é difícil pela necessidade de montar os insetos em lâmina, muitas estrututras de importânica taxonômica são perdidas durante este processo e também na própria captura dos insetos, o que dificulta a identificação ao nível de espécie. A implementação de metodologias moleculares na identificação do grupo pode trazer uma grande vantagem ao processo de identificação de flebotomíneos. Um dos métodos mais bem reconhecidos, o DNA Barcoding , pressupõe que um fragmento do gene citocromo c oxidase I ( COI ) do DNA mitocondrial é suficiente para identificação ao nível específico. Com isso, a partir de 2010 diversos trabalhos vêm empregando o marcador quanto na taxonomia desse grupo. Os resultados indicam que o gene COI é eficiente na identificação desses insetos e, inclusive, na descoberta de espécies crípticas, o que traz implicações epidemiológicas, já que essas unidades taxonômicas, antes vistas como uma mesma entidade, podem ter competência vetorial variável. Além disso, fêmeas de espécies de flebotomíneos morfologicamente indistinguíveis foram identificadas por meio do DNA Barcoding , como por exemplo algumas espécies dos gêneros Brumptomyia e Psychodopopygus , o que traz informações preciosas no monitoramento de áreas endêmicas para leishmanioses, uma vez que são as fêmeas responsáveis pela transmissão. Entretanto, a taxonomia molecular utilizando um fragmento do COI não é funcional em algumas espécies dos gêneros Nyssomyia e Evandromyia , já que os eventos de introgressão e/ou especiação recente, podem impedir a dissociação de espécies próximas, que apesar da ineficácia para taxonomia, pode fornecer informações relevantes a respeito da ecologia e evolução desses táxons. Atualmente estão depositadas 5,074 sequências de “barcodes” de flebotomíneos no bando de dados BOLD (Barcode of Life Data System), distribuídas em 229 espécies, de todo o mundo. Apesar dos notáveis progressos, podemos observar uma grande lacuna na identificação de flebotomíneos das Américas, onde é encontrada a maior diversidade do grupo, com um total de 530 espécies descritas. Assim, podemos observar a grande utilidade do DNA Barcoding para identificação de flebotomíneos, sendo que essa função se intensifica nas descrições de complexos de espécies crípticas e identificação de fêmeas morfologicamente indistinguíveis.



Palavras-chaves:  taxonomia molecular, leishmaniose, Phlebotominae