ANÁLISE DO PERFIL LIPÍDICO, MEDIDA DA CIRCUNFERÊNCIA ABDOMINAL E ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA EM PORTADORES DA DOENÇA DE CHAGAS |
Introdução: A doença de Chagas (DC) é uma afecção crônica negligenciada, com elevada morbimortalidade. Estima-se que cerca 2 milhões de brasileiros estejam infectados por T. cruzi . Alterações lipídicas na população tornaram-se possíveis fatores de risco para doenças cardiovasculares (CV), em especial quando associados ao diabetes mellitus , hipertensão e tabagismo. Objetivo: Analisar perfil lipídico, circunferência abdominal (CA) e índice de massa corpórea (IMC) em portadores da DC. Desenho do estudo: Trata-se de um estudo descritivo e transversal. Métodos: Fizeram parte do estudo 114 fichas de pacientes atendidos no LPDC entre março de 2017 a maio de 2018. Foi avaliado o perfil lipídico (colesterol total, HDL, LDL, triglicerídeos) as medidas de CA e o IMC. Resultados: Foram analisados 114 casos, sendo 67 (58,7%) do sexo feminino e 47 (41,2%) do sexo masculino, com média de idade de 55 anos. Alteração no IMC foi verificada em 88 casos (77,2%), sendo sobrepeso a de maior prevalência 52,6% (60 casos), seguido de obesidade 24,6% (28 casos). A medida CA foi alterada em 57,9% (66) dos casos, a maioria mulheres (76,9%/50). O perfil lipídico esteve alterado em 60,5% dos casos (69) com valores do colesterol fora do valor de referência adotado, assim como variação nas taxas de LDL e HDL, em 50,0% (57) e 40,4% (46), respectivamente. Os níveis de triglicerídeos estavam acima do valor de referência estabelecido em 57% dos casos (65). Discussão: A prevalência de alterações de natureza lipídica e metabólica foi significativa nesta população com DC, em especial no sexo feminino. A primeira consequência visível das mudanças de estilo de vida pode ser observada nas alterações antropométricas da população, onde se observam alterações no IMC e na CA. O mesmo é evidenciado na literatura, onde se destaca que 70% da população chagásica da forma indeterminada apresenta sobrepeso/obesidade. Outro aspecto importante foi a alteração do perfil lipídico, o que está associada ao aumento do tecido adiposo, particularmente o visceral, sendo esse responsável por importantes alterações metabólicas. Conclusão: A partir do exposto, observou-se uma alta prevalência de alterações antropométricas e no perfil lipídico, o que pode culminar no aumento do risco CV. Ressaltando assim, a importância do seguimento farmacoterapêutico das pessoas atendidas pelo programa, para avaliação e prevenção desses riscos CV. |