PACIENTES ENCAMINHADOS AO SERVIÇO DE REFERÊNCIA AMBULATÓRIO SOUZA ARAÚJO ENTRE 2013 E 2017 PARA CONTROLE DE CURA DE HANSENÍASE MULTIBACILAR: ESTUDO DE CORTE TRANSVERSAL
FELIPE TAVARES RODRIGUES1, ANNA MARIA SALES1, JOSÉ AUGUSTO DA COSTA NERY1, EUZENIR NUNES SARNO1, XIMENA ILLARRAMENDI 1
1. UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2. IOC/FIOCRUZ - Instituto Oswaldo Cruz, Fiocruz, 3. CDTS/FIOCRUZ - Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde, Fiocruz
ximena@cdts.fiocruz.br

INTRODUÇÃO: A Hanseníase causada pelo Mycobacterium leprae é curável. Para fins terapêuticos é classificada em paucibacilar (PB), se o paciente tiver ≤5 lesões de pele ou multibacilar (MB), se tiver ≥6 lesões. A alta por cura para o paciente classificado MB se dá após 12 doses de poliquimioterapia (PQT) supervisionada e auto-administrada em até 18 meses. Alguns casos mantêm sinais e sintomas após uso regular da PQT pelo qual profissionais de saúde questionam sobre a necessidade de continuar o tratamento.  OBJETIVO: Avaliar a demanda de pacientes afetados por hanseníase tratados com esquema MB ao Ambulatório Souza Araújo (ASA) para avaliação de alta por cura. METODOS: Estudo observacional de corte transversal sobre pacientes encaminhados para controle de cura entre 2013-2017 ao ASA, Fiocruz, Rio de Janeiro, serviço de referência para hanseníase. Analisados os casos listados no Sistema de Gestão de dados (Sistema ASA) do Centro. Incluídos os casos tratados que realizaram triagem para manuseio terapêutico da PQT, controle reacional, suspeita de recidiva e outros motivos de consulta. Excluídos aqueles com classificação PB e consulta para parecer neurológico. Foram revisados os prontuários para confirmar o motivo de consulta, a forma clínica e o desfecho do caso. RESULTADOS: Durante o período selecionado foram atendidos 2963 pacientes para triagem. Dos 743 casos incluídos, 36 foram excluídos por ser PB e 7 por erro no motivo de consulta. Em 2 casos não foi possível confirmar o motivo de consulta. Do total de 728 casos, 35 (4,8%) pacientes compareceram para controle de cura, sendo 60% após 2015, ano de publicação de nota informativa do Ministério da Saúde (MS) com novos conceitos sobre o tratamento. A maioria (74%) foi encaminhada de serviços municipais de saúde, principalmente do Rio de Janeiro (44%), Baixada Fluminense (28%) e sul fluminense (16%), principalmente com solicitação de baciloscopia. Apenas 24% dos casos teve baciloscopia negativa. Chama a atenção que 24% dos casos tinha feito 24 doses de PQT. CONCLUSÃO: A solicitação de controle de cura, representada principalmente por pedido de baciloscopia, se intensificou após a Nota Informativa n o 51/2015 do MS sobre recidiva e resistência medicamentosa. A carga bacilar alta no fim do tratamento pode significar bacilos inviáveis, mas não necessidade de retratamento. É preciso definição clara dos critérios de alta terapêutica e intensificar a capacitação de profissionais da área básica para o manejo da PQT.



Palavras-chaves:  hanseníase, alta por cura, poliquimioterapia, multibacilar