APRESENTAÇÃO COMPLICADA DE ENDOCARDITE INFECCIOSA: UM RELATO DE CASO
JONATAS LOURIVAL ZANOVELI CUNHA 1, JOÃO PAULO DOS SANTOS CORREIA1, ELISA ESTEVES ROSSINI1, LILIANA DE MEIRA LINS KASSAR1, MICHELLE JACINTHA CAVALCANTE OLIVEIRA1
1. UFAL - Universidade Federal de Alagoas, 2. UNIT - Centro Universitário Tiradentes
JONATASZANOVELI@GMAIL.COM

Introdução: A Endocardite Infecciosa (EI) é uma condição clínica grave que ocorre em cerca de 15 para 100 mil habitantes, sendo a maioria homens acima de 60 anos. O agente etiológico mais prevalente é o Staphylococcus aureus. Principais sintomas envolvem: febre >38,5ºC; calafrios; hiporexia e perda de peso. Dentre as complicações, as cardiológicas são as mais frequentes (50%), seguidas de neurológicas (40%), embolia séptica (25%) e em raros casos, metástase infecciosa (osteomielite vertebral, artrite séptica e abscesso de psoas). As condições predisponentes são: valvulopatias prévias, cardiopatias congênitas, história prévia de endocardite, pacientes em hemodiálise e portadores de HIV. Objetivos: Relatar complicações infrequentes de EI em paciente em hemodiálise. Método: análise retrospectiva do prontuário de um paciente acompanhado em um Hospital Universitário desde dezembro de 2016. Discussão: Paciente, masculino, 62 anos, com HAS e DM de longa data. Portador de miocardiopatia dilatada e DRC. Iniciou hemodiálise por cateter duplo lúmen (CDL), com fístula arteriovenosa não maturada. Sofreu trauma por queimadura em local de fístula, com infecção local tratada com Vancomicina. Após um mês, evoluiu com febre, calafrios, náuseas e vômitos, artralgia generalizada e intensa, alteração no nível de consciência e sopro pancardíaco. Exames da internação evidenciaram Hb 9,5g/dL; Leucócitos 17.800/L; Plaquetas 130.000/L; ALT 16U/L; AST 34U/L; Creatinina 6,1mg/dL; Ureia 176mg/dL; PCR>320mg/L, sendo iniciada terapêutica com Piperacilina+Tazobactam e Vancomicina. Realizado ECO, com hipertrofia concêntrica do VE; insuficiência mitral; aumento de AE; FE de 56%; valva mitral espessada, com redução de mobilidade e imagens compatíveis com vegetações na face atrial da cúspide posterior e face atrial de cúspide posterior. Após o resultado do ECO foi associada Gentamicina. Durante a internação, evoluiu com alucinações visuais e auditivas, vertigem incapacitante e paraparesia. RMN, com focos isquêmicos por provável êmbolo séptico; e TC de coluna, com sinais sugestivos de espondilodiscite. Foi realizada hemocultura e cultura de ponta de CDL, ambas positivas para S. aureus.  Recebeu alta após 68 dias de internação com melhora parcial dos sintomas neurológicos. Conclusão: A EI pode apresentar complicações pouco frequentes, entre elas alterações neurológicas como as descritas no caso. A equipe deve estar atenta a essas complicações, buscando precocidade no tratamento.



Palavras-chaves:  Discite, Endocardite, Insuficiência Renal Crônica