ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DA HANSENÍASE NO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE DE 2014 A 2016 |
A hanseníase é uma doença de alta morbimortalidade ao longo dos tempos, conquanto tenha adquirido excelente prognóstico com os tratamentos modernos. Permanece como uma grave moléstia à saúde pública, muito em face do estigma inerente à doença que fomenta o desconhecimento da população e a não adesão ao tratamento. Esse estudo objetiva explanar o perfil epidemiológico da doença na cidade de Sobral-CE, de 2014 a 2016, evidenciando algumas variáveis importantes. Trata-se de um estudo ecológico, descritivo e com abordagem quantitativa. Analisou-se as variáveis sexo, faixa etária, modo de detecção, classificação operacional ao diagnóstico e tipo de saída, segundo dados colhidos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Foram notificados 295 casos entre 2014 e 2016. Destes, 54% ocorreram no sexo masculino, e 46% feminino. Em relação à idade, 11,8% eram menores de 19 anos, 44,5% de 20 a 49 anos e 43,7% ocorreu em maiores de 50 anos. Sobre o modo de detecção, 37,9% vieram por encaminhamento, 44,7% por demanda espontânea, 6,1% por exame coletivo ou de contatos e 11,3% por outros modos. Quanto à classificação operacional, 32,5% são paucibacilares e 67,5% multibacilares. Sobre o tipo de saída, 61,7% dos casos foram notificados como em tratamento, 34,5% curados, 0,3% de óbito e 3,5% foram transferidos ou possuíam diagnóstico errado. Assim, observa-se que a doença possui grande impacto na região, tanto por sua condição infectocontagiosa, quanto por sua repercussão social e psicológica, afetando, sobretudo, adultos e idosos sendo a forma de maior prevalência a multibacilar, que se não tratada adequadamente, é muito contagiosa. Sobre o modo de detecção, a cura relaciona-se com diagnóstico precoce e adequado tratamento. Devido ao estigma existente, abordar a doença, esclarecendo a população sobre a transmissão e o tratamento, é essencial, e como a suspeição de hanseníase é feita pela equipe de saúde e pelo paciente, campanhas de esclarecimento sobre a doença são importantes. Ademais, exames de pacientes com história clínica sugestiva e o diagnóstico precoce via demanda espontânea trariam mais efetividade no combate à doença. Diante disso, vê-se que se trata de uma doença com evolução geralmente favorável, tornando-se de suma importância a continuidade das ações de prevenção, diagnóstico e tratamento desses pacientes, sendo, assim, imprescindível a participação das redes de atenção primária nesse processo. |