RELATO DE CASO: TRATAMENTO DE LEISHMANIOSE CUTÂNEA COM GLUCANTIME INTRALESIONAL |
A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma doença infecciosa que tornou-se um problema de saúde pública mundial, devido a magnitude, risco de deformidades, envolvimento psicológico, com reflexos sociais e econômicos. O tratamento de primeira linha se dá com os antimoniais pentavalentes endovenosos por vinte a trinta dias. Efeitos adversos clínicos e laboratoriais, são frequentes e requerem estreito monitoramento durante sua administração, muitas vezes levando a sua interrupção. O objetivo deste relato de caso é demonstrar a aplicabilidade do uso local do glucantime visando melhor comodidade terapêutica e diminuição de efeitos colaterais indesejados do tratamento sistêmico. Paciente RJSC, 71 anos, masculino, procedente de Timon-MA, apresentava lesão em região lateral de perna direita de início há dois meses. A mesma evoluiu com ulceração de aproximadamente 3 cm de diâmetro, ovalada, indolor, não pruriginosa, bordos bem delimitados e elevados, fundo avermelhado com granulações grosseiras, sem saída de secreção. A biopsia demonstrava o parasita da leishmaniose na lesão. Paciente virgem de tratamento sistêmico, foi realizada aplicação subcutânea de 5 ml de glucantime intralesional, infiltrando o medicamento por toda área da lesão em um único momento. O mesmo foi reavaliado após 15, 30 e 90 dias do procedimento, tendo uma evolução satisfatória para cicatrização completa do ferimento. No primeiro mês, pode-se observar redução significativa do edema e diâmetro da lesão, além de formação crostosa. No terceiro mês havia epitelização com cicatriz hipertrófica residual e hiperpigmentação local. Após a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter reconhecido o tratamento intralesional em 2010, a OPAS passou a aceitá-lo em seu manual sobre leishmanioses publicado em 2013. A partir de 2014, o ministério da saúde resolveu adotá-lo também. Sugerindo de uma a tres aplicações, com intervalos de quinze dias. O manual recomenda que a aplicação não deva ser feita em áreas de articulação ou na cabeça, em lesões maiores de 3 cm e não injetar mais de 5 mL na ferida. Desta forma, através desse caso clinico venho demonstrar a eficácia do tratamento local, um método de fácil aplicação, com menor volume de drogas, menor toxicidade e efeitos colaterais. Na tentativa de difundir na comunidade médica esse método, já aprovado e reconhecido pela OMS e pelo ministério da saúde. |