AVALIAÇÃO DA OCORRÊNCIA DA INFECÇÃO POR Toxoplasma gondii, NICOLLE & MANCEAUX, 1909, EM ALDEIAS HALITI-PARESÍ, MUNICÍPIO CAMPO NOVO DO PARECIS, MATO GROSSO, BRASIL
ANA LETÍCIA CARVALHO SANTOS1, LUÍSA DE JESUS BARBOSA BARROSO RIBEIRO1, MARCELO LEITÃO VASCONCELLOS1, LEONIR EVANDRO ZENAZOKEMAE1, ANA CLÁUDIA PEREIRA TERÇAS TRETTEL1, ELBA REGINA SAMPAIO DE LEMOS1, MARIA REGINA REIS AMENDOEIRA 1
1. IOC FIOCRUZ - Instituto Oswaldo Cruz Fiocruz Laboratório de Toxoplasmose e outras Protozooses, 2. UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso, campus de Tangará da Serra, 3. IOC FIOCRUZ - Instituto Oswaldo Cruz Fiocruz Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses
amendoeira.fiocruz@gmail.com

O protozoário Toxoplasma gondii é o agente etiológico da toxoplasmose, zoonose amplamente distribuída no mundo, acometendo diversos animais homeotérmicos, inclusive o homem, podendo levar a sérios problemas de saúde. Porém, apenas cerca de 10% dos indivíduos infectados desenvolvem manifestações clínicos. Alguns estudos realizados em populações indígenas apontam variações da soroprevalência de 10,6% a 80,4% em índios de diferentes regiões do Brasil e entre outros países como Venezuela e Malásia. No município de Campo Novo do Parecis/MT habitam os indígenas Haliti-Paresí e nesta população, até o presente momento, não há estudos referente a prevalência de anticorpos anti- T. gondii . Desta forma, este trabalho teve como objetivo determinar a frequência de anticorpos contra o protozoário em nove aldeias Haliti-Paresí, verificando à soroprevalência de acordo com suas localizações e variáveis como sexo, idade, tipo de alimentação, escolaridade, ocupação/atividades e aldeias. O diagnóstico foi realizado pela pesquisa de IgM e IgG anti- T. gondii por meio das técnicas de reação de imunofluorescência indireta (RIFI) e ELISA ( Enzyme Linked Immunosorbent Assay ) no Laboratório de Toxoplasmose e outras Protozooses do Instituto de Oswaldo Cruz/Fiocruz. Das 293 amostras analisadas, 66,9% (n=196) apresentaram IgG anti- T. gondii , e destas, 4,1% (n=8) também foram reagentes para IgM. Foram considerados reagentes amostras que apresentaram IgG/IgM reativas em uma das duas reações, RIFI ou ELISA. Apenas dois indígenas foram sororreagentes para IgM na RIFI. Observou-se que não houve diferença estatística entre os sexos (p=0,265), escolaridade (p=0,850) e ocupação/atividades (p=0,208). No entanto, entre as variáveis idade (p=0,000) e aldeias (p=0,000) ocorreram diferenças estatisticamente significativas. Oito (88,9%) aldeias têm o hábito de beber água proveniente de rio ou riacho e apenas uma (11,1%) bebe água do poço. Sobre a ingestão de carne nas nove aldeias, uma consome na forma bem passada e oito consomem crua ou malcozida. A prevalência observada neste está em acordo com os valores encontrados em outros estudos da América Latina, levando em consideração que a população indígena das aldeias dos Haliti-Paresí vive próxima a mata, possui o hábito de caça, além de trabalhar em lavouras, consumir água diretamente de coleções hídricas e apresentar gatos domésticos como pet , o que pode levar a uma possível exposição a cistos teciduais e oocistos do parasito.



Palavras-chaves:  região centro-oeste, epidemiologia, infecção toxoplásmica, população indígena