RAIVA EM MORCEGOS INSETÍVOROS NO RIO GRANDE DO SUL: UM RISCO PREMENTE A SAÚDE
ALINE ALVES SCARPELLINI CAMPOS 1,3, ANA LUISA TARTAROTTI1,3, KARINA LEAL RIBEIRO1,3, HELENA BEATRIZ DE CARVALHO RUTHNER BATISTA1,3, ANA CLAUDIA FRANCO1,3
1. CEVS SES RS - Centro Estadual de Vigilância em Saúde - Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul, 2. IP SES SP - Instituto Pasteur - Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, 3. ICBS UFRGS - Instituto de Ciências Básicas da Saúde - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
aline-campos@saude.rs.gov.br

Desde 1975, ao menos 500 casos de raiva humana proveniente de morcegos foram relatados na América Latina. Tanto morcegos hematófagos como não hematófagos estão envolvidos nestes episódios. A maioria dos casos de raiva humana das américas são atribuídos a morcegos hematófagos, porém a distribuição destes casos entre as variantes de hematófagos e insetívoros se comporta de maneira não uniforme através do continente americano, com predomínio das variantes de hematófagos na região intertropical e predomínio das variantes de insetívoros nas regiões localizadas nas extremidades, tanto ao norte como ao sul. De 2010 a 2017, dos 07 casos de raiva humana ocorridos nos Estados Unidos um foi associado à variante de morcego hematófago e 06 a morcegos insetívoros. No mesmo período, dos 11 casos de raiva humana que ocorreram no Brasil relacionados a morcegos, todos foram da variante de morcegos hematófagos. Mais de 40 espécies de morcegos já foram diagnosticadas com o vírus da raiva no Brasil.  No Rio Grande do Sul a maioria dos relatos de acidentes com morcegos se refere às espécies insetívoras urbanas. Resultados das atividades de vigilância confirmam estas espécies como importante reservatório para o vírus da raiva nesta região do país. Desde 2001, dos 04 casos de gatos positivos para raiva, 02 se deram por variante de morcego hematófago e dois por variante de insetívoro. O único caso de cão raivoso neste período ocorreu por variante de morcego insetívoro. No ano de 2017, 03 morcegos insetívoros foram diagnosticados positivos para raiva no estado, todos infectados com variante relacionado à espécie insetívora Tadarida brasiliensis , ou AgV4. No ano de 2018, até o mês de junho, 09 morcegos insetívoros urbanos foram diagnosticados positivos para raiva, 02 já foram caracterizados como AgV4, demais amostras estão em análise. Esta situação gera apreensão as autoridades de saúde por se tratar do hospedeiro especifico para a variante caracterizada. Neste contexto a circulação viral nas colônias de morcegos insetívoros urbanos tende a permanecer, estabelecendo um ciclo enzoótico dentro das cidades. De 2010 a 2017, foram registrados no SINAN 1057 atendimentos antirrábicos por agressão por morcegos, 94 se referem a pré exposição. Nos demais atendimentos, apesar do risco associado, apenas 58% foram finalizados com conduta adequada - soro e vacina. Esse fato expõe a necessidade de se alertar a rede de saúde para atual situação epidemiológica e para o risco dos acidentes com morcegos



Palavras-chaves:  Raiva, Vigilância, Zoonose