PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA TUBERCULOSE NA POPULAÇÂO PRIVADA DE LIBERDADE E NOS RESIDENTES NO MUNICIPIO DE RECIFE, PERNAMBUCO, DE 2015 A 2016.
THAYNAN SAMA ALVES DE OLIVEIRA1, ANA PAULA MARIANO RAMOS1, ATHOS SAMUEL LUCENA SILVA1, JOÃO PAULO FERREIRA SILVA1, SELMA CARVALHO FREITAS1, HAIANA CHARIFKER SCHINDLER1, MICHELLE CHRISTIANE DA SILVA RABELLO1
1. IAM-FIOCRUZ - Instituto Aggeu Magalhães, 2. ACES-UNITA - Centro Universitário Tabosa de Almeida
oliveira.thaynan@gmail.com

A tuberculose (TB) é uma doença de caráter infectocontagioso causada pelo Mycobacterium tuberculosis . Apesar do quadro epidemiológico da TB ter melhorado ao longo dos anos, a doença permanece sendo um grave problema de saúde pública no Brasil. Pernambuco é um dos estados brasileiros que apresenta as maiores taxas de incidência e risco de morte por TB do país. A capital pernambucana, Recife, é considerada a terceira capital mais incidente do país e possui ainda uma grande população privada de liberdade (PPL). O presente estudo descreve e compara o perfil epidemiológico dos casos de TB na PPL e dos pacientes residentes na cidade do Recife (PR) notificados no período de 2015 a 2016. Os dados epidemiológicos dos casos de TB foram coletados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e analisados quanto as suas frequências absolutas e relativas (%). Neste período foram notificados 4.441 casos de TB no município de Recife, e destes 9,2% (382) pertenciam a PPL. Nos grupos avaliados, a doença foi predominante entre homens (64,2% dos PR - 2.417 casos e 95,8% da PPL - 366 casos) e da raça/cor da pele parda (50,2% dos PR e 64,8% dos PPL). A faixa etária mais acometida em ambos os grupos foi a de 18 a 35 anos, sendo 36,3% dos casos da PR e 85,9 % da PPL. A forma clínica pulmonar foi observada em todos os casos de TB da PPL e na maioria dos PR (83,7%). Os desfechos de cura e abandono nos pacientes da comunidade foram de 55,1% e 13,2%, enquanto que na PPL foram de 65,4% e 5%, respectivamente. O retratamento foi observado em aproximadamente 8% dos casos de ambos os grupos. O número de óbitos por TB foi mais frequente nos PR (6,6%) do que na PPL (0,26%). Além disso, a infecção pelo HIV foi detectada em 14,5% (545) dos PR e em 2,9% (11) da PPL. Dentre os hábitos de vida, o uso de álcool, drogas ou tabagismo foi observado em ambas as populações, na comunidade a frequência foi de 20,4%, 6,5% e 12,5%, enquanto que na PPL foi de 1,3%, 2,3% e 1,8% respectivamente. Concluímos que apesar da doença ser altamente incidente na PPL quando comparada a população do município de Recife, os indicadores epidemiológicos mostram um melhor prognóstico de desfecho favorável do tratamento da TB na população encarcerada.  



Palavras-chaves:  Tuberculose, Epidemiologia, Prisões