TEMPO E RISCOS ASSOCIADOS ATÉ À OCORRÊNCIA DE EVENTOS ÚNICOS E MÚLTIPLOS DE INFECÇÃO POR P. vivax E P. falciparum EM UMA COORTE RURAL NA AMAZÔNIA BRASILEIRA.
ALICE TOBAL VERRO 1,2, GIOVANNA CEOLA FERREIRA1,2, MÔNICA DA SILVA-NUNES1,2, CARLOS EUGÊNIO CAVASINI1,2, NATAL SANTOS DA SILVA1,2
1. UNILAGO - União das Faculdades dos Grandes Lagos, 2. LABMMEM - Laboratório de Modelagens Matemática e Estatística em Medicina, União das Faculdades dos Grandes Lagos, 3. UFAC - Departamento de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Acre, 4. DDDIP - Centro de Investigação de Microrganismo, Departamento de Doenças Dermatológicas, Infecciosas e Parasitárias, Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto
verroalice@gmail.com

Em 2016 o Brasil foi responsável por mais de 30% dos casos de malária do mundo, sendo a maior parte restrita à região amazônica. Apesar da incidência global desta protozoonose ter diminuído, as atividades para o seu controle ainda são insuficientes. A literatura é escassa quanto a avaliação do tempo entre os eventos dessa enfermidade. O objetivo desse estudo foi avaliar o tempo até a primo-infecção, o tempo entre múltiplos eventos e os fatores de risco associados. O seguimento foi realizado ao longo de 70 meses (2001 a 2006) numa coorte de 531 indivíduos, localizada em um assentamento agrícola no Estado do Acre. Os casos diagnosticados foram submetidos à análise de sobrevivência. Para a avaliação da proporcionalidade dos riscos das covariáveis utilizou-se o estimador de Kaplan-Meier (K-M). Compararam-se as curvas de sobrevida pelo teste de log-rank e pelo teste de Peto. Por fim, a regressão de Cox estimou o risco das covariáveis causarem a infecção em determinados intervalos de tempo. Quatro modelos foram construídos: dois para o tempo até o primeiro evento e outros dois para múltiplas infecções, tanto para Plasmodium vivax quanto P. falciparum.  As idiossincrasias dos infectados foram minimizadas pelo modelo de fragilidade.  Os indivíduos acompanhados tenderam a experimentar o primeiro evento de P. vívax mais precocemente do que para o primeiro evento de falcíparum (70% sobreviveram por 1100 dias para P. vivax e 85% sobreviveram até 1000 dias para P. falciparum ). Para 50% dos indivíduos, eventos múltiplos de vívax não aconteceram em até cerca de 1300 dias, enquanto que para falciparum 80% sobreviveram nesse mesmo intervalo de tempo. Pessoas do sexo masculino apresentam menor sobrevida em todo o período estudo, assim como aqueles pertencentes aos níveis socioeconômicos mais baixos para ambas as espécies de plasmódio. O comportamento dos gráficos de K-M para os múltiplos eventos de P. vivax ou de P. falciparum assemelha-se ao da primo-infecção. O baixo nível socioeconômico foi um fator de risco que permaneceu estatisticamente significante em ambas as infecções (p<0,001), diferindo de outros estudos: um realizado no Estado de Mato Grosso (1997), e outro nas Filipinas (1997). Portanto, a sobrevida para os eventos de P. vivax é menor do que para P. falciparum , tanto para o primeiro quanto para múltiplos eventos. Entretanto, os riscos são semelhantes para a aquisição de ambas as espécies.



Palavras-chaves:  Análise de Sobrevivência, Malária falciparum, Malária vívax