VIGILÂNCIA DA ESPOROTRICOSE NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, ANÁLISE DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO ENTRE 2007 E 2017 E PERSPECTIVAS DE UM NOVO CENÁRIO |
O estado do Rio de Janeiro (RJ) é atualmente área endêmica para esporotricose transmitida por gatos infectados, tendo apresentado na última década aumento tanto no número de casos humanos quanto no de municípios atingidos. Objetivou-se relatar a implantação de estratégias padronizadas para a vigilância da esporotricose no RJ, para aprimorar as ações de suspeição clínica, tratamento, prevenção e controle, bem como avaliar o perfil epidemiológico da doença entre 2007 e 2017. A Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, através da Gerência de Doenças Transmitidas por Vetores e Zoonoses (GDTVZ) / Coordenação de Vigilância Epidemiológica, inseriu a esporotricose humana na lista de doenças de notificação compulsória no RJ em 2013. A partir de então, a GDTVZ intensificou a realização de treinamentos para as equipes de Vigilância Epidemiológica e profissionais de saúde de diferentes municípios do estado, e implementou a realização de exame micológico para confirmação diagnóstica no Laboratório Central de Saúde Pública do RJ Noel Nutels (Lacen/RJ), quando indicado. A GDTVZ emitiu e divulgou notas técnicas com orientações sobre a implantação das ações de vigilância e manejo clínico da esporotricose para os gestores e profissionais de saúde dos municípios do estado. A análise do perfil epidemiológico da esporotricose humana no RJ entre 2007 e 2017, através dos casos notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), mostrou um aumento no número de casos humanos e na distribuição geográfica dos mesmos no estado. Isto pode refletir uma maior sensibilidade das equipes municipais de vigilância epidemiológica para a notificação, em função da resolução estadual em 2013. Ao todo, foram notificados 9.395 casos suspeitos no período, dos quais 7.578 foram confirmados (80,7%), com mediana de 713 casos ao ano. A maioria dos casos (≈ 60%) ocorreu em pacientes do sexo feminino e em pessoas com idade entre 20 a 49 anos de idade. Os casos humanos de esporotricose, que anteriormente eram referidos preferencialmente para uma unidade de saúde situada na capital no estado, gradativamente passaram a ser atendidos e notificados em outras unidades e municípios do RJ (≈ 70% em 2017). A implantação da vigilância do agravo no RJ possibilitou mais profissionais treinados no diagnóstico e tratamento, melhor conhecimento do perfil epidemiológico da doença e elaboração de estratégias de prevenção. |