AVALIAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE INFECÇÃO POR HELMINTOS INTESTINAIS ANTES E APÓS TRATAMENTO EM UM MUNICÍPIO DO NORDESTE PARAENSE, REGIÃO AMAZÔNICA |
Introdução : As helmintíases intestinais destacam-se como as parasitoses mais prevalente em todo o mundo, com mais de 1 bilhão de indivíduos parasitados e 5 bilhões expostos ao risco de infecção. No Brasil, Ascaris lumbricoides e Trichuris trichiura são os mais prevalentes. Apesar da ampla distribuição geográfica e elevada morbidade, a literatura atual não contempla dados de reinfecção e casos novos após tratamento no Brasil. Objetivo : Avaliar as ações de controle de helmintos intestinais em duas comunidades rurais do município de Primavera, estado do Pará. Desenho do estudo : Estudo de campo, longitudinal, descritivo e analítico. Métodos : Participaram da pesquisa 354 indivíduos. Um total de três amostras fecais foi coletado em dois momentos: antes e um ano após o tratamento. Utilizou-se a técnica de Kato-Katz para análise. Doze lâminas da primeira amostra, duas da segunda e duas da terceira amostra foram confeccionadas. As taxas de positividade e reinfecção foram calculadas; o teste estatístico McNemar foi aplicado. Todos os casos positivos foram tratados conforme protocolo do Ministério da Saúde do Brasil. Resultados : Antes do tratamento as taxas de positividade foram 5,3% (19/354) para A. lumbricoides , 2,5% (9/354) para T. trichiura , 42,1% (149/354) para Ancilostomídeos e 3,1% (11/354) para Enterobius vermicularis . Um total de 20 (5,6%) indivíduos apresentou infecção com mais de um parasita. Após o tratamento, as taxas de positividade foram 1,7% (6/354), 0,5% (2/354), 33,3% (118/354) e 1,7% (6/354), respectivamente. Todas as reduções das taxas apresentaram significância estatística (<0,0001, McNemar). Quanto às taxas de reinfecção, foram 15,8% (3/19), 11,1% (1/9), 59% (88/149) e 18,2% (2/11) respectivamente. Discussão : Observou-se a redução do número de infectados após o tratamento, entretanto, destaca-se a elevada positividade de infecção por Ancilostomídeos, mesmo após o tratamento, revelando uma alta pressão de transmissão. Essas infecções, favorecidas pelas condições ambientais e falta de saneamento, podem resultar em efeitos crônicos sobre a saúde e o estado nutricional do hospedeiro, com elevada morbidade especialmente entre crianças e indivíduos imunocomprometidos. Conclusão : Apesar da redução das taxas de prevalência das helmintíases intestinais, os dados indicam que tratamento anual não é suficiente para controle eficaz. Ademais, foi mostrado que a realização de inquéritos epidemiológicos é importante para avaliar programas de controle. |