TUBERCULOSE EM POPULAÇÃO PRIVADA DE LIBERDADE NO EXTREMO SUL DO BRASIL
CAROLINE BUSATTO 2, JÚLIA SILVEIRA VIANNA2, ANA JULIA REIS2, FABIANE GATTI2, VANUSA POUSADA DA HORA2, CARLA VITOLA GONÇALVES2, PEDRO EDUARDO ALMEIDA DA SILVA2, IVY BASTOS RAMIS2
2. FURG - Universidade Federal do Rio Grande
CAROLINE-BUSATTO@HOTMAIL.COM

Introdução: O Mycobacterium tuberculosis , agente etiológico da  tuberculose (TB), é transmitido principalmente através de aerossóis. Desta forma, locais com aglomerações de pessoas e pouca ventilação, condições comuns no ambiente prisional, são fatores que favorecem a elevada prevalência de TB. Objetivo: Determinar a prevalência de TB em pessoas privadas de liberdade (PPL) e identificar fatores associados. Desenho do estudo: Realizou-se um estudo transversal, no período de maio de 2017 a janeiro de 2018, incluindo 643 PPL sorteadas aleatoriamente, de seis unidades prisionais do extremo sul do Brasil. Métodos: Foi aplicado um questionário padronizado, abordando as seguintes questões: ocorrência atual de TB, contato com TB, troca de cela, número de PPL por cela, recebimento de visitas e conhecimento em relação a TB. Resultados: Do total das PPL entrevistadas, 12 (1,9%) relataram que tinham TB no momento da entrevista, representando uma prevalência de 1.866 /100.000 . Além disto, 39,9% (257/643) dos entrevistados já tiveram contato com pacientes com TB, sendo que 93,8% (241/257) relataram que o contato foi no ambiente prisional.  Destes, 73,0% (176/241) já haviam trocado de cela alguma vez, 85,5% (206/241) compartilhavam a cela com mais de sete pessoas e 69,3% (167/241) recebiam visitas frequentes. Ao avaliar o conhecimento a respeito da TB, 20,2% (130/643) dos entrevistados afirmaram desconhecer a doença. Discussões: O estudo mostra uma alta prevalência de TB. A frequente troca de celas e a alta densidade de pessoas por cela favorecem a transmissão do M. tuberculosis . Destaca-se que o alto índice de recebimento de visitas pode ser um agravante na disseminação do bacilo para a comunidade. Por fim, considerando-se que 1/5 das PPL desconheciam a TB, o risco de agravos relacionados com a doença torna-se ainda maior. Conclusões : A implementação de unidades de saúde, a busca ativa de casos e a realização de campanhas esclarecedoras sobre a TB são fundamentais para o controle e prevenção desta doença nas unidades prisionais. Estudos de genotipagem do M. tuberculosis podem auxiliar na avaliação da transmissão do bacilo entre as PPL e a sua eventual disseminação extramuros.



Palavras-chaves:  Tuberculose, Unidade Prisional, Mycobacterium tuberculosis