Alterações histopatológicas e imuno-histoquímicas na adrenal de cães naturalmente infectados por Leishmania infantum chagasi.
RODRIGO ALBERGARIA RESSIO1, JULIANA MARIOTTI GUERRA1, ANGÉLICA F OLIVEIRA1, NATÁLIA COELHO COUTO DE AZEVEDO FERNANDES 1, THAMIRES O GOES1, JOSÉ EDUARDO TOLEZANO1, JOSÉ EDUARDO R BARBOSA1, HELENA H TANIGUCHI1, LÍDIA MIDORI KIMURA1, JESSICA ABATZOGLOU MAGNO1, MARIA LÚCIA ZAIDAN DAGLI1
1. IAL - Instituto Adolfo Lutz, 2. FMVZ-USP - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP
rodrigoressio@gmail.com

A Leishmaniose é uma doença zoonótica causada por protozoário do gênero Leishmania pertencente à família Trypanosomatidae tendo incidência e prevalência elevadas em países de climas tropical e subtropical. A transmissão ocorre através do vetor Lutzomya longipalpis, principal espécie transmissora da doença no Brasil. Os cães são considerados como principal reservatório da infecção humana sendo a Leishmania infantum chagasi responsável pela leishmaniose visceral canina (LVC) . Apesar da alta carga parasitária na pele e no baço, estudos demonstram o acometimento da glândula adrenal levando a alterações no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal influenciando na resposta imune do hospedeiro, tornando-o suscetível a outras doenças. O diagnóstico é realizado por técnicas sorológicas, parasitológicas, histopatologia e imuno-histoquímica (IHQ). O presente estudo objetivou a análise histopatológica e IHQ das glândulas adrenais de cães infectados por Leishmania spp entre Janeiro de 2012 a Abril de 2013. Foram recebidas 37 amostras de animais sorologicamente positivos para leishmaniose visceral através do teste rápido DPP® - BioManguinhos e ELISA provenientes de Marília e Votuporanga (São Paulo). Os animais foram eutanasiados de acordo com as recomendações proposta pelo Programa de Vigilância e controle da LVC. Fragmentos da adrenal foram submetidos ao processamento histológico e coloração por hematoxilina e eosina (H&E). As reações IHQs com recuperação antigênica por calor úmido sob pressão em tampão citrato (pH 6,0) por 3min e a atividade da peroxidase endógena foi bloqueada com solução de H 2 O 2 . As lâminas foram incubadas com anticorpo policlonal anti-leishmania overnight . Amplificação através de polímero compacto conjugado a peroxidase, revelação com diaminobenzidina (DAB) e contra-coloração com hematoxilina. Onze (29,73%) animais apresentaram infiltrado inflamatório mononuclear, por vezes, formando esboços granulomatosos na adrenal. Quatro (10,81%) apresentaram estruturas arredondadas no citoplasma de macrófagos sugestivas de Leishmania spp, pela coloração de H&E. Os resultados obtidos através da IHQ demonstram que 20 (50,04%) animais foram positivos para Leishmania spp em adrenal na região cortical e na transição córtico-medular. Nas condições estudadas, apesar da glândula adrenal não ser o local prioritário de multiplicação do parasita, a infecção por Leishmania spp pode causar injúrias neste tecido de cães naturalmente infectados.



Palavras-chaves:  Leishmaniose, diagnóstico, fisiopatogenia