Febre Amarela em Primatas não-humanos neotropicais: concordância entre métodos diagnósticos nos diferentes gêneros.
NATÁLIA COELHO COUTO DE AZEVEDO FERNANDES 1,2, ISIS P. J. RIZKALLAH1,2, JULIANA MARIOTTI GUERRA1,2, RODRIGO ALBERGARIA RESSIO1,2, MARIANA SEQUETIN CUNHA1,2, JOSUÉ DIAZ-DELGADO1,2, LEONARDO TADEU ARAUJO1,2, CINTHYA CIRQUEIRA1,2, CRISTINA KANAMURA1,2, JOSÉ LUIZ CATÃO-DIAS1,2
1. IAL - Instituto Adolfo Lutz, 2. FMVZ-USP - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP
nccafernandes@yahoo.com.br

O Programa de Vigilância de Epizootias consiste numa vigilância direcionada aos primatas não humanos (PNHs) para detecção do vírus da Febre Amarela (FA), possibilitando o desencadeamento de ações de vacinação e controle de vetores no entorno dos casos positivos. Os PNHs são considerados animais sensíveis a FA: deste modo, atuam como sentinelas para a doença, antecipando a circulação viral e detecção de casos humanos positivos. A histopatologia (HP) associada à imuno-histoquímica (IHQ) de antígenos de FA e RT-PCR são os métodos empregados para o diagnóstico de rotina do vírus da FA nestes animais e o Instituto Adolfo Lutz (IAL) é o laboratório de referência macrorregional para realização destes exames. O presente estudo avalia, dentre a casuística recebida em 2017 e submetida a um ou a ambos os métodos diagnósticos, as diferenças de positividade em relação aos gêneros de PNHs, assim como a existência de concordância de resultados entre os métodos empregados. Foram recebidos 2055 PNHs, com predomínio de Callithrix spp. (923; 44,91%), seguido por Alouatta spp. (708; 34,45%), Sapajus spp. (95; 4,62%) e Callicebus spp. (28; 1,36%). Destes, 1447 tiveram amostras submetidas para RT-PCR e IHQ simultaneamente, e 608 apenas para IHQ. Dos animais submetidos à IHQ, houve 577 positivos (28,08%); a maior frequência de positividade por gênero foi de Alouatta spp. (61,72%), seguido por Callicebus spp. (27,59%), Sapajus spp. (13,68%) e Callithrix spp. (1,08%). O gênero não foi informado em 37,5% dos casos positivos. Quanto aos casos submetidos ao RT-PCR e IHQ simultaneamente, foram 395 animais positivos em pelo menos um dos exames. A maior frequência de positividade foi em Alouatta spp. (65,79%), seguido por Callicebus spp. (42,1%), Sapajus spp. (8,95%) e Callithrix spp. (3,26%). A concordância global entre IHQ e o RT-PCR foi muito boa (kappa = 0,946; IC [0,927-0,966]). A concordância entre IHQ e RT-PCR no gênero Callithrix spp. foi moderada (kappa = 0,474; IC [0,251 – 0,698]) e para Alouatta spp. foi muito boa (kappa = 0,945; IC [0,909 – 0,980]). O gênero Callithrix foi o mais encaminhado para a Vigilância de Epizootias, entretanto correspondeu a menor frequência de positividade, com concordância estatisticamente mais baixa do que a geral e do que para o gênero Alouatta spp.,  nos métodos avaliados. Os saguis foram sentinelas menos sensíveis do que os bugios e a interpretação dos resultados de exames no gênero deve ser feita com cautela.



Palavras-chaves:  arboviroses, histopatologia, imuno-histoquímica, zoonoses