PARASITOSES INTESTINAIS E AS CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS DE MORADORES DAS COMUNIDADES PARQUE OSWALDO CRUZ E VILA TURISMO, MANGUINHOS, RJ, NO ÂMBITO DA POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO HOMEM
JULIO CESAR PEGADO BORDIGNON 1, MILENA ENDERSON CHAGAS DA SILVA1, PAULA CRISTINA PUNGARTNIK1, MARIA DE FÁTIMA LEAL ALENCAR1, ADRIANA SOTERO-MARTINS1, JOSÉ AUGUSTO ALBUQUERQUE DOS SANTOS1, MARCIO NEVES BOIA1, ANTONIO HENRIQUE ALMEIDA DE MORAES NETO1
1. IOC / FIOCRUZ - Instituto Oswaldo Cruz / FIOCRUZ, 2. ENSP / FIOCRUZ - Escola Nacional de Saúde Pública / FIOCRUZ
bordignonjcp@gmail.com

As parasitoses intestinais (PI) são doenças negligenciadas comuns atualmente e acometem com maior frequência indivíduos residentes em áreas com precário saneamento ambiental. Porém, as políticas públicas de saúde que visam o seu enfrentamento, não estimulam metodologias participativas para a promoção da saúde nem consideram a determinação social da saúde em seu escopo. O objetivo deste estudo foi realizar inquérito socioeconômico, educacional e parasitológico sobre as PI e analisar os seus determinantes nas comunidades Parque Oswaldo Cruz (POC) e Vila Turismo (VT), Manguinhos, RJ, no âmbito da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH). Foi realizado estudo transversal, com observação participante e amostragem não aleatória por conveniência (n=192). O cadastro dos participantes foi realizado mediante o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram aplicados questionários socioeconômico e habitacional (QSH), e sobre conhecimentos, atitudes e práticas (CAP) acerca das PI. O diagnóstico coproparasitológico foi realizado pelos métodos de Lutz (1919), Scheather (1923), Baermann & Moraes (1948) e Kato-Katz (1972). Foram realizadas análises colimétrica e microbiológica da água domiciliar. Os dados foram analisados no Software Epi-Info 7.2. O QSH revelou que cerca de 40% dos moradores do POC concluiu o nível médio, porém na VT 40% dos moradores possuíam nível fundamental completo. A renda familiar mensal era de dois a quatro salários mínimos (POC-52,1%/VT-44,8%). Os moradores do POC relataram que “alimentos contaminados” são a principal fonte de infecção (28,7%), já na VT relataram “a água” (45,4%). Com relação à sintomatologia, a maioria dos respondentes do POC disse “não sei” (61,2%), enquanto que na VT cerca de 30% citaram “náusea/vômito” e como principal medida de prevenção “lavar as mãos” (POC-54,5%/VT-55,0%). A prevalência geral foi de 35% ( p =0,2) e 67,3% destas infecções eram monoparasitárias ( p =0,008). Os parasitas mais frequentes foram Endolimax nana (47,7%), Entamoeba histolytica (10,8%) e Blastocystis hominis (10,8%). Cerca de 80% ( p =0,7) das amostras de água domiciliar estavam satisfatórias (MS/Portaria 2914/11). Os resultados apontam vulnerabilidades para o enfrentamento das PI nestas comunidades. Há a necessidade da dinamização de práticas de educação em saúde, articulando o saber popular e o acadêmico, além da complementação da PNAISH para o controle destas doenças.

Financiamento: TEIAS-Escola Manguinhos; LITEB/IOC/FIOCRUZ.

 



Palavras-chaves:  Doenças Negligenciadas, Educação em Saúde, Parasitoses Intestinais, Promoção da Saúde, Saúde do Homem